Diretora da OMS sobre atitude de Bolsonaro ao coronavírus: “é uma questão individual”

Mariângela Simão considera que há certo descaso no Brasil com relação à doença e considera que o SUS possui uma estrutura de vigilância epidemiológica razoavelmente eficiente

Edifício sede da OMS, em Genebra (Foto: Divulgação)
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O Brasil não está levando a sério a epidemia do coronavírus. É o que fiz a médica Mariângela Simão, diretora-assistente da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a Área de medicamentos e produtos de saúde.

Em entrevista para a Folha, a médica disse que tem visto que, nas ruas e nas redes sociais, as pessoas têm minimizado perigosamente os riscos da pandemia. “Eu tenho visto muito nas redes sociais, no Brasil, pessoas minimizarem o risco. Tenho visto um pouco de descaso no sentido de que só afeta pessoas acima de 65 anos. Não é verdade”.

Ela também considerou que o SUS (Sistema Único de Saúde) é uma vantagem para o país neste momento de crise, já que possui “uma estrutura de vigilância epidemiológica razoavelmente eficiente, e tem uma espinha dorsal para enfrentar uma situação mais grave”.

Sobre a atitude do presidente Jair Bolsonaro, Mariângela Simão preferiu evitar criticá-lo mais abertamente, mas disse que “é uma questão interna do Brasil. Como as pessoas adotam as recomendações é uma questão individual”.

“O Ministério da Saúde fez recomendações que estão absolutamente alinhadas com o que a OMS preconiza. Os indivíduos que não seguem as recomendações é outra história. Vi essas fotografias do pessoal todo na praia, as pessoas não estão levando a sério essas recomendações”, comentou a médica.