Gilmar Mendes critica estratégia de Bolsonaro de atrasar dados da Covid-19 para não sair no JN

Ministro do STF contrariou orientação de Jair Bolsonaro de divulgar dados por volta das 22h, evitando a repercussão da pandemia do coronavírus nos telejornais noturnos

O ministro Gilmar Mendes - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi às redes nesta sexta-feira (5) criticar a estratégia do Ministério da Saúde de atrasar a divulgação de dados sobre o coronavírus para que não sejam reportados nos telejornais noturnos, como o Jornal Nacional.

"Na pandemia, a divulgação de dados oficiais envolve, além do dever de prestar contas, uma questão de saúde pública. Dados do @minsaude são fundamentais às respostas à #COVID19 e devem estar abertos ao público, aos gestores e, portanto, à imprensa de forma consistente e ordenada", tuitou Mendes.

https://twitter.com/gilmarmendes/status/1268910757527379973

Segundo o jornal Correio Braziliense, citando "fonte do alto escalão", a estratégia de divulgar os dados da pandemia após às 22 horas foi determinada por Jair Bolsonaro.

Nesta quinta-feira (4), quando Brasil registrou novo recorde, com 1.473 mortos em 24 horas, passando a Itália no número de vítimas fatais da doença. Os dados, no entanto, só foram divulgados por volta das 22h.

A estratégia já havia sido criticada por William Bonner, no Jornal Nacional. O telejornal da Globo anunciou que não vai esperar a divulgação oficial do ministério e passou a se embasar no levantamento feito pelo G1 com base nas informações divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde.

“A partir de hoje, o Jornal Nacional vai apresentar os dados das secretarias estaduais de saúde, totalizados pelo G1. E também os números totalizados do Ministério da Saúde quando forem divulgados à tempo”.

A Globo ainda criticou a nova política de divulgação de dados do governo, sem entrevistas.

“Desde o início da pandemia, o Jornal Nacional tem registrado os dados oficiais do Ministério da Saúde, você talvez ainda lembre… No começo, os dados eram atualizados às 17h, imediatamente da entrevista diária do então ministro Henrique Mandetta. Com a saída de Mandetta, as entrevistas deixaram de ser diárias e a divulgação dos dados foi sendo retardada”.