Pazuello diz que negociação com Covax era "nebulosa" e, por isso, comprou número mínimo de doses

Ex-ministro da Saúde diz que compra era de "risco". Brasil poderia ter fechado contrato para imunizar até 50% da população

Eduardo Pazuello (Reprodução)
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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira (19), que optou por comprar a quantidade mínima de doses do Covax Facility, consórcio internacional para aquisição de vacinas, porque a negociação, na opinião dele, estava "nebulosa".

"A negociação com a Covax Facility começou muito nebulosa. Não haviam bases, o preço inicial era 40 dólares a vacina, não havia garantia de fornecimento. A Covax não nos dava nem data, nem cronograma, nem garantia de entrega", disse Pazuello.

"42 milhões de doses era para nós, naquela forma, o máximo que eu poderia fazer com o risco que estava imposto ali dentro. Estar presente no consórcio era o mais importante. Se houvesse aceleração de entrega, poderíamos comprar mais. Na nossa visualização, não íamos chegar nem nos 10% em 2021", continuou.

"Optei pelos 10% pela simples razão de que não havia firmeza, estabilidade nos processos para apostarmos tantos recursos", completou o ex-ministro.

A Covax Facility é uma aliança global com mais de 150 países, coordenada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O grupo foi criado para impulsionar o desenvolvimento e a distribuição das vacinas contra a Covid-19.

O acordo que o governo brasileiro fechou com o consórcio prevê 42 milhões de doses, o suficiente para imunizar 10% da população com as duas doses. O país, no entanto, poderia ter optado por assinar um contrato que permitisse imunizar até 50% da população.