O ator Pedro Cardoso voltou às redes, desta vez para comentar, em sua conta do Instagram, nesta terça-feira (14), o valor dos salários de trabalhadores de diversas categorias. O ator pergunta: “O que deveria ser mais bem remunerado: o trabalho de um ator de TV ou de um enfermeiro? Quem deveria ser mais bem pago: O jogador de futebol ou limpador de rua?”
Para ele, a pandemia do coronavírus “fez gritar a gigantesca injustiça que faz alguns trabalhos valeram mil vezes mais do que outros - e todos valerem menos que o Capital!”
“Observando a discrepância entre os valores percebe-se que alguns dos trabalhos melhor remunerados são aqueles cujas as funções permitem a exposição de PUBLICIDADE. Atores de TV e jogadores de futebol, mais evidentemente”, afirma.
Ao final, Pedro Cardoso afirma: “Não conheço o modelo econômico que produzirá a justiça e a liberdade, mas o pressinto; indefinido e mutante. Sou beneficiário de uma injustiça. Mas sobre mim, e sobre todos, o capital exerce antes injustiça muito mais lucrativa”.
Veja o texto completo e o post de Pedro Cardoso abaixo:
Bom dia.
O que deveria ser mais bem remunerado: o trabalho de um ator de TV ou de um
enfermeiro? Quem deveria ser mais bem pago: O jogador de futebol ou limpador de
rua? O pesquisador (a ou x) ou o cantor sertanejo pop americanizado? O senador
ou o professor do ensino fundamental público? O médico do SUS ou o médico
particular?
Resguardando as diferenças individuais, relacionadas a capacidade e a vontade de cada um, e que podem justamente ensejar diferenças de ganho - a tal meritocracia - resta viva a questão sobre a relação de valor entre os muitos trabalhos que sustentam o modo de vida contemporâneo. A pandemia fez gritar a gigantesca injustiça que faz alguns trabalhos valeram mil vezes mais do que outros - e todos valerem menos que o Capital!
Observando a discrepância entre os valores percebe-se que alguns dos trabalhos melhor remunerados são aqueles cujas as funções permitem a exposição de PUBLICIDADE. Atores de TV e jogadores de futebol, mais evidentemente. Se professores e enfermeiros tivessem expostas as marcas de empresas em seus uniformes, como vemos nos pilotos de fórmula 1, seriam tão ricos quanto estes. Mas a quem interessa associar suas marcas a profissões que remetem a dificuldades? Melhor associa-las ao divertimento e ao seu espetáculo. Esta é uma realidade, mas não necessariamente imutável. A sociedade, não sei como, deve buscar melhor equalização dos valores relativos das profissões e corrigir a deformação que a publicidade - motor do consumo irresponsável - provoca nas relações de valor.
Eu sou um dos favorecidos por essa distorção. Estaria falando contra o meu interesse não houvesse já visto o valor inestimável das professoras que me ajudaram a criar as minhas filhas. Sei que não faço pela humanidade nem 1 centavo a mais do que elas fazem ou os enfermeiros; como os que cuidaram do meu pai durante os dias da internação dele. Não deixei de ganhar o dinheiro que pude, mas não o tenho desejado só para mim. Não conheço o modelo econômico que produzirá a justiça e a liberdade, mas o pressinto; indefinido e mutante. Sou beneficiário de uma injustiça. Mas sobre mim, e sobre todos, o capital exerce antes injustiça muito mais lucrativa.