Pesquisadores apontam que manutenção em refinaria da Petrobras pode gerar 100 mortes por Covid

Trabalhadores organizam greve sanitária contra decisão da direção da empresa de retomar serviço

Divulgação/Sindipetro Paraná
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Um grupo de pesquisadores de diferentes instituições lançou uma nota técnica nesta sexta-feira (16) apontando que a retomada dos serviços de manutenção da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), sediada no munícipio de Araucária, região metropolitana de Curitiba, deve registrar em média uma morte por dia até o final do mês de julho em consequência da Covid-19. Trabalhadores da Repar realizam greve sanitária.

“Realizar tal manutenção neste momento da pandemia representa um risco para toda a população de Araucária, como também para a grande Curitiba e municípios vizinhos, uma vez que a pandemia em Curitiba não sofreu recrudescimento adequado atingindo limiares de controle, e apresenta capacidade máxima de ocupação das UTIs. Potencialmente, existe risco para todo o estado do Paraná”, afirma a nota.

O grupo é formado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Programa de Biologia (Ecologia), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), além de pesquisadora aposentada do Instituto Butantan.

Com recomendações de contenção de danos da parada de manutenção da Repar, o estudo sugere a postergação do procedimento até a “imunização via vacina de 70% de toda população de Araucária, no limiar de imunidade de rebanho. A permanência de pessoas exógenas no município, neste momento da pandemia, pode aumentar os níveis de transmissão e disseminação de variantes do SARS-CoV-2 não registradas no estado, de forma que se recomenda que pessoas de fora não permaneçam no município esperando retomada das atividades, uma vez que se poderia demorar meses para que a imunização da população seja atingida nos limiares de segurança para tal”.

Preocupados com a vida dos trabalhadores e da comunidade de Araucária, os petroleiros da Repar deflagraram greve sanitária na última segunda-feira (12). A principal reivindicação é a postergação da parada de manutenção até que os números da pandemia caiam e os sistema de saúde apresente níveis seguros de capacidade de atendimento à população.

Segundo a Federação Única de Petroleiros (FUP), a greve teve grande adesão na segunda. "“O Brasil está em um período crítico da pandemia, com o sistema de saúde colapsado em praticamente todo o país. Já estamos registrando mais de 4 mil mortes diariamente por causa da incompetência do governo federal em proteger a população e fornecer vacinas. Mesmo assim, a gestão da Petrobrás insiste em manter essas paradas de manutenção, que duplicam ou até triplicam a quantidade de pessoas nas refinarias. A empresa conta com o desespero e a necessidade dessas pessoas de trabalhar porque não têm qualquer assistência do governo. E, assim, põe em risco tanto quem vai atuar nas paradas de manutenção como quem já trabalha nas unidades”, disse o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A situação também atingiu as refinarias Landulpho Alves (RLAM, na Bahia), Gabriel Passos (Regap, em Minas Gerais) e Duque de Caxias (Reduc, no Rio de Janeiro).