Acusado de tortura, argentino é preso no Rio e deve ser extraditado

Sua única esperança é que o presidente Jair Bolsonaro, conhecido por suas apologias a regimes militares no Brasil e outros países sul-americanos, interceda a seu favor

Gonzalo "Chispa" Sánchez (foto: Página/12)
Escrito en CORONAVÍRUS el

Gonzalo “Chispa” Sánchez, ex-militar argentino acusado de crimes contra humanidade cometidos durante a ditadura em seu país (1976-1983) foi preso nesta segunda-feira (11) pela Polícia Federal, quando se encontrava na cidade de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro.

Sánchez é considerado um foragido na Argentina desde 2005. Na época, ele era um dos acusados do Caso ESMA, que apura as torturas e outros crimes contra a humanidade cometidos na ESMA (Escola de Mecânica da Marinha da Argentina), cujos porões foram usados como centro de detenção pelos repressores na Argentina.

Entre os crimes atribuídos ao ex-militar estão o de participação no sequestro, tortura, assassinato e ocultação do cadáver do célebre jornalista e escritor argentino Rodolfo Walsh.

Além disso, Sánchez também teria participado dos chamados “voos da morte”, operações nas que os militares utilizavam aviões para atirar corpos de opositores assassinados no meio do Oceano Atlântico.

Não é a primeira vez que Sánchez é pego pela polícia brasileira. Em 2013, ele havia sido capturado em Angra dos Reis, mas anos depois, em 2016, conseguiu o benefício da prisão domiciliar. Em 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou sua extradição para a Argentina, e desde então ele se encontrava foragido.

Com a nova prisão, o repressor deve ser extraditado, tendo em vista a decisão do STF contra si. Sua única esperança é que o presidente Jair Bolsonaro, conhecido por suas apologias aos regimes militares no Brasil e outros países sul-americanos, interceda a seu favor.