VÍDEO: MST "ocupa" espaço nobre da Bienal de SP com intervenção contra o agronegócio

Performance na obra "Deposição" denuncia o modelo de exploração e o "papel mortífero" do agronegócio em meio à fome; confira

MST faz intervenção contra o agronegócio na Bienal de SP (Fotos: Guilherme Gandolfi)
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Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e artistas "ocuparam" o espaço nobre da 34ª Bienal Internacional de São Paulo, na noite desta quinta-feira (11), com uma performance contra o agronegócio.

A ação faz parte da obra "Deposição", de Daniel de Paula (brasileiro), Marissa Lee Benedict e David Rueter (estadunidenses), que traz a "arquibancada desmembrada" utilizada em roda de negociações de commodities do mercado financeiro da CBOT, nos EUA.

A intervenção contou ainda, além do MST, com a participação dos coletivos Dolores Boca Aberta, a Brava Cia e Cia Antropofágica, o Levante Popular da Juventude, e o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD).

"A obra traz a roda de negociação do comércio de valores de Chicago (Chicago Board of Trade - CBOT), em uma plataforma desmembrada da arquibancada octogonal utilizada para a negociação de investimentos e commodities, trazida especialmente para a exposição. Atualmente, a Chicago Board of Trade (CBOT) é a principal instituição financeira do mundo relacionada aos commodities agrícolas A partir dessa referência, desmembrar o palanque de agentes financeiros da Bolsa de Chicago enquanto expressão artística evoca um desejo de ruptura com cenário que tem como plano de fundo relações de exploração", explicam os autores.

Papel mortífero e fome

Kelli Mafort, da direção nacional do MST, afirma que o objetivo da intervenção é denunciar o "papel mortífero" do agronegócio.

“O MST vem denunciar na Bienal internacional de artes o papel mortífero do agronegócio. Esperamos chamar a atenção da sociedade para a terrível demonstração da fome no país que diz ser o celeiro do mundo", declarou.

“O agro tech incendeia a Amazônia para a expansão de fronteiras agrícolas e pastoris com o objetivo de exportação. O agro pop é contra o povo pois não produz comida, produz commodities. O agro é antipopular por expulsar as famílias do campo e impedir a diversidade de culturas alimentares. O agro tech envenena o solo, as águas, o subsolo, o ar, as lavouras", prosseguiu a dirigente

Daniel de Paula, um dos autores da obra, por sua vez, afirmou que "é notório que estamos num momento político no Brasil em que há uma expansão agrícola estimulada pela especulação financeira. Isso promove diversas formas de violência, desde o desmatamento até a grilagem de terra, violência contra comunidades locais.

"E todas essas são, digamos, resultantes das dinâmicas desse mercado financeiro que aconteciam nessa estrutura”, atestou.

Confira abaixo vídeo e fotos da intervenção artística

https://www.youtube.com/watch?v=cARQS-qDlOE&feature=youtu.be
Foto: Guilherme Gandolfi
Foto: Guilherme Gandolfi
Foto: Guilherme Gandolfi
Foto: Guilherme Gandolfi
Foto: Guilherme Gandolfi