Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia uma efeméride de teses, análises surgiram para tentar explicar os motivos que levaram o governo de Vladimir Putin a invadir o país vizinho.
Algumas teorias afirmam que o presidente russo Vladimir Putin busca retomar territórios que foram perdidos após o fim da União Soviética (URSS). Outras afirmam que se trata do resgate da “Grande Pátria Russa”, maneira como o país era chamado durante o momento histórico do czarismo. E uma terceira via afirma que se trata apenas de uma guerra de cunho imperialista e de expansão.
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Outras discussões versam sobre a criação da Ucrânia, de seu reconhecimento como país autônomo e, se algum dia foi, de fato, uma nação.
Em seu pronunciamento para justificar a invasão da Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin declarou que o seu objetivo era “desnazificar” o país vizinho e caçar grupos da extrema direita que assassinaram jovens militantes do partido comunista em 2014, quando a Ucrânia foi tomada por protestos que ficaram conhecidos como “Revolução Colorida”.
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Como se vê há muitas narrativas disponíveis para se construir uma análise sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que não data de agora e nem de 2014, mas que pode ser remetido para o fim do século XIX e com a ascensão ao poder dos Bolcheviques e a fundação da União Soviética.
Pensando nisso, montamos uma lista com algumas dicas de livros, filmes e séries que tratam da questão Rússia, Ucrânia e outros temas que circundam a região.
1 - Winter on fire: Ukraine's Fight for Freedom
Apesar da narrativa “ocidentalizada”, que exclui quase que totalmente a participação de grupos neonazistas nos conflitos de 2014 na Ucrânia, vale ver o documentário “Winter on Fire: Ukraine's Fight for Freedom”, do cineasta israelita norte-americano Evgeny Afineevsky.
O filme tem o mérito de trazer vários elementos para se tentar começar a entender algumas das inúmeras razões da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e até mesmo a posição do autoproclamado “mundo livre” no conflito. Mas é bom, antes, depois e durante a sessão, ler bastante sobre o que de fato ocorreu por lá.
2 - Entrevistas com Putin (Youtube)
Com a atual tensão entre a Rússia e os EUA, a imprensa, estrangeira ou nacional, busca construir a imagem de Vladimir Putin como um “tirano” de um país distante e gélido. O fato, é que pouco se sabe sobre o líder russo e, em geral, o que é propagado sobre sua figura vem carregado de ideologia.
Dessa maneira, o documentário “Entrevistas com Putin”, dirigido pelo cineasta Oliver Stone, busca apresentar Vladimir Putin ao Ocidente, pelo menos é dessa maneira que Stone inicia a série que possui 4 capítulos.
3 – Os Demônios, Fiodor Dostoievski (Ed. 34)
Publicado originalmente em 1872, o livro Os Demônios é a única novela de Fiódor Dosotiévski que tem como ponto de partida um fato real: o assassinato de um jovem anarquista por um grupo de niilistas.
À época, Dostoiésvki ficou impressionado com o poder que a ideologia poderia ter sobre as pessoas. A partir desse ponto histórico, o autor apresenta a Rússia pré-revolução e todas as discussões feitas no momento histórico retratado.
Uma das questões que permeiam toda a obra é a ideia da “Grande Pátria Rússia” que servia de base para os movimentos nacionalistas críticos a influência do Ocidente sobre os russos, em especial, a cultura francesa.
4 - A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Aleksiévitch (Cia das Letras)
Escrito pela jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, que venceu o Prêmio Nobel de Literatura de 2015, a obra apresenta a história das soladas soviéticas que atuaram na Segunda Guerra Mundial e derrotaram os nazistas.
A partir dessas histórias, Svetlana Aleksiévitch quer construir a narrativa das mulheres combatentes sobre um episódio que é sempre retratado a partir do prisma masculino.
De acordo com o livro, quase um milhão de mulheres lutaram no Exército Vermelho. É a história dessas mulheres que Svetlana Aleksiévitch revela para nós.
5 - Chernobyl (HBO Max)
Produzida pela HBO e exibida em 2019, a minissérie Chernobyl conta os eventos que sucederam o acidente nuclear da usina de Chernobyl, em 1986.
Apesar de bem recebida pela crítica e vencedora do Emmy Awards, principal premiação da televisão, na categoria "Melhor Minissérie", a série recebeu críticas por falhas em narrativas de episódios históricos e a ausência de mulheres cientistas na trama, visto que a presença de mulheres pesquisadoras era um fato na União Soviética.
À época, o diretor da série Johan Renck, declarou que as mulheres cientistas da União Soviética estavam representadas nas personagem Ulana Khomyuk (Emily Watson).
6 - O funeral de Estado (Mubi)
Dirigido por Sergei Loznitsa, esse documentário apresenta o funeral de Joseph Stalin, o líder supremo da União Soviética que faleceu em 5 de março de 1953.
A partir da junção de filmagens feitas à época, o Sergei consegue revelar a imponência do funeral de Stalin e como a União Soviética inteira foi mobilizado em torno disso.
Umas das teses sobre a figura de Vladimir Putin e seu apoio entre a população versa sobre o fato de que o país possui uma tradição de figuras autocratas como Putin, Stalin e os Czares. Esse documentário navega sobre isso.
7 - Ucrânia em Chamas (Youtube)
Produzido por Oliver Stone e dirigido por Ígor Lopateniuk, esse documentário, ao contrário da narrativa da produção da Netflix, busca mostrar a guerra de desinformação promovida pela OTAN, Cia e EUA.
Para o filme "Ucrânia em Chamas" não houve processo revolucionário algum na Ucrânia em 2014, mas sim uma mobilização manipulada por interesses dos EUA e da OTAN.