A era pré-lamaçal das canções infantis: quarentões da Turma do Balão Mágico planejam volta

Perto do que veio depois, com Xuxa e Cia., eles souberam manter a dignidade das canções para crianças

A Turma do Balão Mágico. Foto: Divulgação
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A gente era feliz e não sabia. A frase de Ataulfo Alves, em seu samba “Meus tempos de criança” é a mais perfeita tradução do que aconteceu com a canção infantil pós-Balão Mágico. O fato é que o grupo, que reinou nas festas infantis do início da década de 80, interpretavam sim canções dignas e divertidas. Foram, de fato, os precursores do lamaçal que se seguiu com a bisonhice de Xuxa e Cia., a verdadeira trupe terra arrasada que, liderada pela apresentadora, chaparam gerações com as maiores besteiras, imbecilidades e desinteligências da história da nossa música. Um dia, quiçá, alguém fará um estudo sério sobre o legado que a cantora e sua gangue plantaram em milhares de brasileiros. Era impossível se deparar com as manifestações paneleiras verde e amarela e não pensar nisso. Os balões mágicos, no entanto, eram bem diferentes. Os agora quarentões, já meio gorduchos e desprovidos de cabelo, planejam uma volta, com direito a gravação de DVD e até mesmo a participação do já bem distante Jairzinho Oliveira. O fato, a despeito de certa melancolia, é para ser, em parte comemorado. Pelo menos um dos discos gravados por eles é muito bom. O segundo, “A Turma do Balão Mágico” conta com participações pra lá de especiais de Djavan, na canção “Superfantástico”, que se tornou o tema do grupo e Baby então Consuelo, na canção “Juntos”. Ao lado de Pepeu, Baby ainda voltaria a participar do terceiro disco do grupo, na canção “Mãe, me dá um dinheirinho”. A Turma do Balão Mágico foi alvo da paródia “Balão Trágico”, do grupo Premeditando o Breque. Nela, ao invés da infância edulcorada, a personagem principal acabava morrendo de bala perdida no final da canção e substituída nos vocais pelo policial que a matou. O fato é que, como dito acima, a despeito de discussões estéticas, o que veio depois foi infinitamente pior e descambou abismo abaixo cada vez mais. Um gênero que já foi –e ainda tem sido – tão bem cuidado por vários artistas, como Toquinho, Vinícius e a sua “Arca de Noé” e, mais recentemente pelo incomparável “Palavra Cantada”. Noves fora, em meio a tantas patacoadas, a volta do Balão Mágico tem algo de terno e valoroso. Vale ver.