“Edu, Dori e Marcos”, um disco que honra o nome que carrega

Edu Lobo, Dori Caymmi e Marcos Valle são amigos desde a adolescência, começaram juntos e se deviam, desde então, este projeto

Edu Lobo, Dori Caymmi e Marcos Valle. Foto: Divulgação
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Não há, de fato, nada de novo no lindo disco “Edu, Dori e Marcos”. Mas ele é do tempo em que a nossa música recebeu uma das suas últimas lufadas de novidade. E quando os três senhores do título, amigos há 55 anos, são nada mais nada menos que Edu Lobo, Dori Caymmi e Marcos Valle, alguns dos inventores do novo, tudo se supera. Edu Lobo e Marcos Valle estudaram juntos. Dori já era amigo de Edu. O trio acabou sendo o primeiro passo musical de todos eles, que chegaram a se apresentar em programas de TV e pequenos shows. Os três, de acordo com o selo Biscoito Fino, realizador do disco, acalentavam o sonho de fazer este disco desde então. Nele, cada um canta duas canções do outro e faz produção da faixa em que participa, o que dá um jeitão diferente a cada uma delas. O grande dilema dos autores talvez tenha sido a escolha do repertório. Não há um fã deles que não sinta falta desta ou daquela na hora em que ouve o disco. Mas, mesmo assim, as doze canções que entraram podem ser classificadas como impecáveis, pra dizer o mínimo, com algumas brilhantes, como “Canto Triste”, de Edu e Vinícius de Moraes, “Viola Enluarada”, de Marcos e Paulo Sérgio Valle e “Saveiros”, de Dori Caymmi e Nelson Motta. Qualquer uma delas entraria em todas as antologias da nossa música. Mas eles optaram também por outras canções do repertório, nem tão conhecidas e consagradas, mas também bastante significativas, como “O Amor é Chama”, também dos irmãos Valle, “Velho Piano”, de Dori e Paulo César Pinheiro e a linda “Na Ilha de Lia, No Barco de Rosa, da dupla Edu e Chico Buarque. As interpretações dos três são muito próximas. São barítonos, anti-cantores, muito afinados e excelentes intérpretes. Cantam da mesma maneira que escrevem canções e fazem arranjos, ou seja, com sabedoria e sem grandes esforços, com beleza, desenvoltura e naturalidade. Os arranjos, elaborados a partir de um quarteto básico formado por Cristóvão Bastos (piano), Jorge Helder (baixo), Jurim Moreira (bateria) e Lula Galvão (violão), tem também as participações de convidados como Mauro Senise (flauta), Idriss Boudrioua (sax alto), Mingo Araujo (percussão), Jessé Sadoc (flugelhorn), Aldivas Ayres (trombone), Marcelo Martins (sax tenor), Hugo Pilger, Marcio Mallard (cellos). Noves fora, há um alento na audição de “Edu, Dori e Marcos”. Tudo no disco é eficiente e sóbrio, carregado de beleza e simplicidade, ao mesmo tempo em que carrega um manto muito denso de musicalidade. Não há truques, grandes viradas, solos mirabolantes nem nada do gênero. O que ouvimos de sobra é música boa e pra lá de bem executada, onde cada palavra, nota musical, desencadeamento de acordes entre outros meandros está a serviço das canções, que nunca nos negam em beleza e estrutura clássica. Um disco de craques, com tudo o que se pode esperar deles.