Marieta Severo diz nunca ter sentido uma angústia cívica tão profunda

Como “alguém defende um regime que coloca um cano de descarga na boca de um jovem e sai arrastando ele pelo quartel?”, pergunta a atriz se referindo ao caso de Stuart Angel

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A atriz Marieta Severo afirmou em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (22), não entender como “alguém defende um regime que coloca um cano de descarga na boca de um jovem e sai arrastando ele pelo quartel?” Marieta se referia, sem citar o nome, ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e ao caso do assassinato de Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, que era sua amiga.

“Nunca senti uma angústia cívica tão profunda, apesar de ser de uma geração que viveu a ditadura. Sei o que é ter uma barreira diante dos sonhos, do melhor do país, impedindo a gente de florescer em plena juventude. Aqueles tanques na rua (sobre o desfile recente de tanques em Brasília). Como alguém defende um regime que coloca um cano de descarga na boca de um jovem e sai arrastando ele pelo quartel?”, disse.

A atriz considera que não há clima nem conjuntura internacional para um golpe, mas, de acordo com ela, está tudo preparado para isso. “Sou gata escaldada, né? Ter que voltar a lidar com esse medo é assustador. Essa ideologia que está dominando não só o Brasil, mas vários lugares, o desmonte das nossas conquistas, o retrocesso dos direitos trabalhistas, tudo que está sendo feito por debaixo dos panos”.

Para ela, há atriz um projeto ideológico em andamento que “não acredita na democracia e quer asfixiar a liberdade de expressão”, secando verbas para projetos que não sigam a cartilha do governo.

“O que vão permitir que se filme, arte sacra? A gente se perde diante dos absurdos. O que estará tramando Damares? Um negro que demoniza negros na Fundação Palmares. Pessoas são escolhidas pelo viés ideológico e não pela capacidade de ocupar os cargos. O país está desmoronando por dentro”, disse.

Marieta confessou ainda ter sentido “inveja de países que lidaram com a desgraça de forma responsável, com afeto, solidariedade, orientações precisas e não com o uso político da tragédia. Esse acréscimo de desespero é imperdoável, matou muita gente”.

Com informações do Globo