Pedro Bial pede paz, mas volta a criticar Petra Costa e “Democracia em Vertigem”

Em artigo no Globo, ele disse ainda que o governo Bolsonaro mostra retardo intelectual ao gastar “dinheiro público para atacar nossa artista de destaque internacional”

Pedro Bial (Reprodução)
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Após fazer duras e grosseiras críticas à Petra Costa e ao seu filme, o indicado ao Oscar “Democracia em Vertigem”, o jornalista Pedro Bial resolveu pedir paz, em artigo publicado no Globo, neste domingo (9). Mas sem pedir desculpas. “É com a carcaça moída e esfolada de tanta pancada virtual que venho a público acenar: bandeira branca. Amor. Eu peço paz”, escreveu. O jornalista lembra: “eu, que vivo de acolher as opiniões das pessoas, caí na temeridade de dar a minha”, e acrescenta: “Eu não peço desculpas, nem peço que me peçam desculpas”. A entrevista de Bial foi para uma rádio gaúcha. Por conta disto, ele afirma que “palavras ditas num papo assim, transcritas para o papel, ganham peso enganoso, o sorriso na voz se perde. Não me queixo, faz parte”. Sobre Petra, Bial pede ainda que “não me venham com o machismo de tratar como menina indefesa uma mulher que sabe bem se defender”. A seguir, ele lembra que “’Democracia em vertigem’ é um filme flagrante e assumidamente edipiano, e também o seria fosse seu realizador do sexo masculino, assim, à la Oswald de Andrade, ‘um menino sob as ordens de mamãe’”. Apesar de tudo, o jornalista continua a criticar o filme ao apontar que “se o encontro entre a mãe da diretora, Marília Andrade, e Dilma Rousseff tivesse resultado menos pífio, o filme teria alcançado outra dimensão”. E segue: “Quanto à narração, assim como a locução de João Moreira Salles em ‘No intenso agora’ foi chamada desde envolvente a deprimida, assim sucede com a de Petra em ‘Democracia’, pungente para uns, miada para outros”. Bial reafirma praticamente todas as críticas que fez ao filme, que considera “político num cenário conflagrado” e se tornou “avatar de nossa boçal polarização”. Ao final, aproveita para passar pano em Petra, cujo “Democracia em Vertigem” lhe parece a sua “obra menor” e critica o governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido): “A insegurança do governo e seu temor de que a imagem do Brasil possa ser arranhada por um filme são bobagens, tiros nas próprias patas. Além de mais uma amostra do retardo intelectual de nosso governante, como apontei no rádio, é um escândalo que se gaste o dinheiro público para atacar nossa artista de destaque internacional”. E afirma torcer pela “obra menor”: “Um filme brasileiro no Oscar é sempre bom para o Brasil. Se ganhar, melhor ainda”.