O perigoso e farsesco fascismo brasileiro – Por Elídio Marques

Na cartinha, Temer aka Bolsonaro pede desculpas ao ministro que ele nomeou, Moraes, o "Xandão", e jura fidelidade ao judiciário que jurou derrotar há 48 horas e sinaliza pro sistema que "táoquei"

Imagem: Redes sociais
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Por Elídio Marques *

Bolsonaro garantiu que não mais obedeceria ordens do ministro Alexandre de Moraes, ou seja, rompeu com a Suprema Corte, com a cláusula pétrea da separação de poderes. Em praça pública, na frente de todo mundo e foi ovacionado por sua base.

No dia seguinte, "as instituições", que teriam alguns "remédios" para afastá-lo, dizem "ai ai ai".

O bolsonarismo ainda joga a carta dos caminhoneiros. Zé Bravatão, afinal, estava sendo valente de lá do México (bom lugar!). E a tática de sufocar a economia sufocada para apoiar o governo não tinha muito futuro. Áudio vai, áudio vem, dançaram a macarena do Adnet e levantaram acampamento.

Bozo sente que o golpe não colou, chama seu verdadeiro padrinho e golpista-pai Michel Temer - um Bolsonaro com curso de boas maneiras na Socila - pede conselhos e ganha uma especialidade da casa: cartinha. Na escola sempre tem quem faça redação pro coleguinha.

Na cartinha, Temer aka Bolsonaro pede desculpas ao ministro que ele nomeou, Moraes, o "Xandão", e jura fidelidade ao judiciário que jurou derrotar há 48 horas e sinaliza pro sistema que "táoquei".  As redes bozonarizistas ficam em polvorosa. Querem uma carta impressa, auditável, afinal essa aí pode ser do Adnet, pode ser tático, pode ser uma traição, pode ser fatal.

Você bozonazista de bom coração, que saiu de casa, que financiou, que passou áudio pra frente, não se equipare ao pobre europeu que apoiou o nazifascismo. Os líderes deles eram muito mais corajosos e prometiam coisas enormes. Você é muito, mas muito mais trouxa.

Você liberalóide de bom coração, "meu presidente é o Guedes", olha essa maravilha de economia de mercado e rola nela, de preferência lambendo as botas todas que encontrar.

Você, da esquerda "2022", acorda pra vida. É cilada. Se não se mexer agora, a cobra sai da toca e acaba com "tua" eleição. Se a cobra perder, mas não for morta, depois de 22, virá 23. Com quantos zé não sei quens se fecham as estradas? Quantos golpistas vão dar abraço na posse?

Nosso fascismo é meio farsesco, meio engraçado, "memificável", mas ainda é fascismo. Vamos rir. Sem fechar os olhos.

*Elídio Marques é membro do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (UFRJ).

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.