Indígenas Mbya Guarani, do RS, denunciam incêndio criminoso em sua aldeia

Fogo destruiu casa de reza, dois veículos e uma estrutura usada para armazenar alimentos

Indígenas denunciam incêndio criminoso na aldeia Pindó Mirim, Terra Indígena Itapuã, em Viamão, no Rio Grande do Sul (Foto: Povo Mbya Guarani)
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Indígenas Mbya Guarani da Terra Indígena Itapuã, na cidade de Viamão (RS), denunciam que a aldeia em que vivem, a Pindó Mirim, foi alvo de um incêndio criminoso na madrugada do último sábado (14).

O fogo destruiu por completo uma casa de reza, dois veículos e uma estrutura utilizada pelos indígenas para armazenar alimentos.

"Todos ouviram os latidos dos cachorros, mas, naquele momento, havia muito vento, o que inibiu as pessoas de saírem de dentro de suas casas. Na sequência, o fogo foi intenso", disse uma liderança dos Mbya Guarani, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). "Nesta madrugada, as constantes ameaças verbais que temos enfrentado se concretizaram através do crime de incêndio à casa de alimentos, a casa de reza e aos veículos da comunidade", prosseguiu.

O Corpo de Bombeiros foi acionado mas, quando chegou, as chamas já tinham sido controladas pelos próprios indígenas.

A terra indígena em questão está em processo de demarcação desde 2009 e os povos originários que vivem em uma área de pouco mais de 20 hectares são alvo constante de ameaças por parte de posseiros e madeireiros.

“A Terra Indígena Itapuã está com o procedimento de demarcação em curso desde o ano de 2009. O relatório circunstanciado da área foi concluído e encontra-se na Funai em Brasília, faltando a sua publicação no Diário Oficial da União. Pelos estudos se concluiu que a terra é de ocupação originária e tradicional do Povo Guarani”, explica Roberto Liebgott, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul.

Segundo o Cimi, a casa de mantimentos que foi incendiada havia recebido, na última semana, doações de sementes crioulas dos camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Com o incêndio, as sementes também foram comprometidas, "colocando em risco a sobrevivência alimentar dos Mbya Guarani para o próximo período", diz a entidade.

Providências

“Exigimos que os responsáveis sejam devidamente punidos e que, com isso, cessem as ameaças, as invasões e as violências”, afirmou o cacique Valdecir Moreira.

De acordo com o Cimi, após o ocorrido os indígenas da aldeia se reuniram "para sistematizarem os acontecimentos e planejar a construção da uma nova casa de reza".

"A comunidade ainda aguarda a visita das autoridades indigenistas com quem pretendem dialogar sobre as providências a serem tomadas em relação ao crime, bem como sobre a necessidade de cercarem a área e instalar portões nas entradas da aldeia, já que todas ficam na beira da estrada", relata ainda o Conselho.