Estudante estuprada no Ceará tinha feito boletim de ocorrência sobre ameaças que vinha sofrendo

Desde que foi vítima de racismo e sexismo por homem desconhecido, mulher vinha sendo ameaçada por mensagens e ligações

Ato na Unifor (Reprodução/Facebook Sindsifce/Sinasefe)
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A estudante negra que foi estuprada perto da Universidade de Fortaleza (Unifor) na tarde desta quinta-feira (25) já tinha feito um boletim de ocorrência na Polícia Civil no dia 23 para falar sobre ameaças de abuso sexual que ela vinha sofrendo desde o dia 10. Ela também estava sendo vítima de racismo por meio de mensagens e ligações que estava recebendo. Segundo o registro, a vítima foi abordada no dia 10 por um homem branco, entre 25 e 30 anos, sem barba, cabelo curto e castanho claro e olhos claros. Ele estaria vestindo calça preta social, blusa social lilás e uma mochila de couro preta. De acordo com o relato da vítima, ele teria perguntado para ela o que ela estava fazendo no local e que ela disse que era estudante. Em seguida o homem teria dito: “Como você ousa se vestir desse jeito? Aqui não é seu lugar, aqui não é lugar de escravos e de negros. Depois que o [Jair] Bolsonaro ganhar, a partir de primeiro de janeiro, nós vamos fazer uma limpa na universidade e vamos tirar sua gente. Aqui não é lugar de sua gente, não é espaço de vocês, sua macaca, suja”. Ainda em depoimento, a vítima disse que, apavorada, passou a caminha rapidamente. O homem ainda teria continuado com as agressões verbais a seguindo: “Macaca, suja, eu sei o que vou fazer com você. Vou te colocar no seu lugar, lugar de escrava. E sabe o que a gente faz com escrava? A gente estupra! Vou pegar sua b... e arrombar toda e seu c... também”. Depois disso, no dia 21 de outubro, ela recebeu uma ligação às 5h da manhã. A pessoa do outro lado da linha teria feito xingamentos sexistas. Ela desligou a ligação e depois passou a receber mensagens ameaçadoras de números aleatórios. Uma delas dizia: “Sabe o que vamos fazer? Te esfolar toda. Vamos arrombar tua b... sua negra suja, vagaba. Vou pegar seu vi e deixar todo arrombado até tu deixar de ser comunista. Petralha tem que ser estuprada sim”. Outra mensagem recebida pela estudante dizia: “Acha que pode sair falando do capitão assim? Vamos te matar... e antes vamos te colocar no teu lugar de escrava, sua suja. (...) A macaca vai ser arrombada até aprender que com o capitão não se binca”. Foi aí que ela recebeu uma terceira mensagem: “Pensa que é o que pra falar do capitão assim? Sua negra imunda. É Bolsonaro 17!!! Vamos fazer uma limpeza na Unifor. Preto vai morrer”. Ela continuou a receber ligações e que no dia 23, uma ligação disse que ela seria estuprada por três homens e que o ato seria filmado para que servisse de exemplo. Nesta quinta, então, o ato foi consumado. Agora, o caso está sendo investigado sob sigilo na Delegacia da Defesa da Mulher. Em nota, a Unifor diz que “está tomando as medidas cabíveis junto às autoridades competentes e coloca a sua estrutura de apoio jurídico e psicológico para acompanhamento”. Nesta sexta-feira (26), alunos da Unifor e de outras universidades realizaram um protesto em frente ao campus em ‘repúdio ao fascismo e ao abuso sexual’, entoando gritos de “ele não” e “fascistas não passarão”, contra apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL).