Funcionária diz que foi demitida por homofobia da empresa fundada por Salim Mattar, secretário de Bolsonaro

‘Poderia ser até o Neymar da equipe que esse tipo de coisa ele não toleraria’, teria dito o gerente

Bolsonaro e Salim Mattar (Reprodução)
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A ex-funcionária da Localiza em Belo Horizonte, Uiara Cavalcanti, afirmou através de sua conta do Facebook, que foi demitida do cargo de Executiva de Vendas Internas, no último domingo (28), “sob o argumento de que eu tinha um relacionamento “gay” (homoafetivo) com outra funcionária, que aliás, também foi demitida”.

A Localiza foi fundada por Salim Mattar (foto), secretário especial da secretaria de Desestatização do ministério da Economia do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido).

De acordo com o relato de Uiara, o chefe “nos disse que não aceitaria esse tipo de coisa, segundo as palavras dele: ‘Poderia ser até o Neymar da equipe que esse tipo de coisa ele não toleraria’. Ele também nos disse que estávamos sendo vigiadas 24 horas dentro e fora da empresa, ele enviou uma outra funcionária na casa que eu dividia com a minha colega de trabalho, para saber onde dormíamos e verificar se realmente existiam dois quartos na casa. Ele disse ainda, que não poderíamos acusá-lo de preconceito porque ele é negro, o que para mim também é uma fala totalmente racista”.

Uiara afirma que “esse suposto relacionamento não existe, somos apenas amigas. Ainda que existisse não consigo admitir que a Localiza, que tanto se orgulha de ser uma das melhores empresas para se trabalhar no país, podia concordar com esse tratamento desigual por motivo desqualificante e injusto, que implicou nas nossas demissões”.

Segundo a ex-funcionária, o caso foi levado para a diretoria-executiva da Localiza. Ela afirma que os recursos humanos da empresa não encontraram indícios de discriminação e não souberam justificar as demissões.

Procurada pela coluna Painel S.A., da Folha, a companhia afirma, em nota, que os desligamentos ocorreram há 40 dias, em um ajuste de quadro feito pela empresa na pandemia, em linha com sua rotatividade anual.

A Localiza afirma também que apurou o caso com auditoria e análise de seu comitê de ética, concluindo que as demissões foram feitas com critérios técnicos.

A empresa disse ainda que ouviu os envolvidos e "não identificou indícios que sugerissem uma decisão incompatível com os valores da companhia sobre desligar alguém em função de sua orientação sexual". "Apesar da convicção nos processos instaurados e em total respeito às profissionais e à comunidade LGBTQIA+, que a Localiza tem orgulho em servir e empregar, a companhia contratou uma auditoria externa para dirimir qualquer dúvida com relação à sua atuação", afirma a Localiza.