Racismo: Menina negra de 11 anos é acusada de roubo no Rio e segurança manda ela levantar a blusa

Família conta que foi tirar satisfações com o funcionário, que teria dito que o cabelo 'black' da criança havia despertado sua desconfiança

Reprodução/Record TV Rio
Escrito en DIREITOS el

A família de uma menina de 11 anos do Rio de Janeiro denunciou nesta segunda-feira (5) o que classifica como um caso de racismo por parte de um segurança de um supermercado contra a criança.

O caso ocorreu no dia 28 de setembro, mas repercutiu nas redes sociais essa semana após a irmã da vítima, Renata Santos, que tem 19 anos, denunciar o episódio nas redes sociais.

De acordo com a família, a criança de 11 anos foi a um mercado no bairro Penha, Zona Norte do Rio, sozinha a pedido da mãe. Ela compraria pipoca para o aniversário da irmã mais nova, de 3 anos. O segurança teria abordado a menina sob a acusação de furto e teria, inclusive, pedido para que ela levantasse a blusa para provar que não roubou nada.

"Ele [o segurança] falou para mim (sic) levantar a blusa e tinha me perguntado se eu peguei alguma coisa. [...] Ele me acusou de uma coisa que eu não fiz, pensou que eu tinha roubado", disse a criança, que não teve o nome revelado, à Record TV do Rio.

Segundo Renata Santos, a irmã mais velha da criança, quando a família foi tirar satisfações com o segurança, ele teria pedido desculpas, mas afirmado que desconfiou da menina por conta de seu cabelo ao estilo black.

"Ele falou que tinha que desconfiar dela, até pediu desculpa, mas que, infelizmente tinham acontecido outros casos de uns meninos da comunidade descerem e irem ali. Ele desconfiou por conta do cabelo dela quando ela se abaixou para pegar a cesta", relatou.

"Ela estava enrolada com a bolsa de dinheiro na mão, celular, e os saquinhos de pipoca que eram muitos. Aí, ela pôs o celular no bolso e se abaixou. Ele chegou perguntando se ela tinha pego algo. Minha irmã disse que não fez nada. Mesmo assim, ele a mandou levantar a blusa. Foi quando ela começou a chorar, juntou um monte de gente no mercado, porque o local estava muito cheio. Ela ficou constrangida, envergonhada", completou a jovem.

"Minha filha não estava malvestida, não estava suja, ela estava apenas com o cabelo que gosta de usar. Eu sempre falo, filha você é linda, a sua cor é linda", disse a mãe da criança à Record. "Ela não quer mais sair de casa nem comprar mais nada sozinha. Ela fica me perguntando o motivo disso ter acontecido com ela", completou a irmã.

A família registrou um Boletim de Ocorrência contra o mercado na 22ª DP (Penha), e a família pretende ainda acionar o Ministério Público pelo crime de racismo.

A UFA Atacadão de Doces, local onde ocorreu o constrangimento à menina, não se manifestou sobre o caso.