PAZ!

O dia em que Pelé parou uma guerra na África

Em 1969, a Nigéria vivia uma guerra civil entre dois grupos étnicos; a chegada do Santos, de Pelé, ao país fez com que o governo decretasse um cessar-fogo

Jornais da época publicaram a façanha.Créditos: Reprodução/Gazeta Esportiva
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Pelé , que faleceu nesta quinta-feira (29) aos 82 anos em decorrência de um câncer, protagonizou inúmeros feitos dentro do futebol, incalculáveis e que justificam o título de Rei. Entretanto, tudo que ele representa extrapola o universo do esporte, a ponto de influenciar os destinos de um conflito em um país da África.

A Nigéria vivia, em 1969, uma guerra civil entre dois grupos étnicos: Ibo e Hausa. A chamada Guerra de Biafra, que durou de 1967 até 1970, e causou a morte de mais de 2 milhões de pessoas.

À época, havia uma comoção internacional contra a violenta repressão do governo nigeriano sobre os biafrenses. Artistas como Joan Baez, Jimi Hendrix e John Lennon, autoridades como o Papa Paulo VI e organizações como a ONU tentaram conter o conflito. Porém, sem sucesso.

A convite do governo local, o Santos, de Pelé, foi para a Nigéria para disputar um amistoso contra uma seleção da região do centro-oeste, em Benin City. O jogo, a princípio, não fazia parte da programação da excursão à África.

No entanto, a delegação do Peixe acabou se deslocando para Benin City sem saber o que estava acontecendo.

“Quando chegamos, alguém falou que o nosso time ia parar uma guerra. A reação foi uma só: ‘O quê? Vai parar uma guerra? Que guerra? Tava tudo normal!’”, afirmou Lima, que jogou no Santos de 1961 até 1971, em entrevista à ESPN.

“O empresário responsável pelas nossas excursões falou: ‘Eles estão guerreando entre eles e vocês é que vão resolver esse problema’”, declarou Edu, 69, ponta-esquerda do Santos de 1966 até 1978.

A história relatada é que todos queriam ver Pelé. O governo nigeriano acabou decretando um cessar-fogo para que a delegação santista pudesse se deslocar do hotel para o estádio Ogbe em segurança e depois retornar ao local onde estavam hospedados.

Governo local decretou feriado, segundo jornalista brasileiro

Na excursão à África, havia somente um jornalista brasileiro acompanhando a delegação do Santos. Era Gilberto Castor Marques, que escreveu para A Tribuna que o governo local decretou feriado por causa do Santos.

Enfim, o amistoso se realizou no dia 4 de fevereiro de 1969, e a equipe de Pelé derrotou o time local por 2 a 1, com gols de Toninho Guerreiro e Edu. No dia seguinte, os santistas deixaram o país e a guerra continuou.