As autoridades argentinas finalmente identificaram a substância usada para “batizar” (misturar e fazer render mais) a cocaína que provocou a morte de 24 pessoas e a internação de outras 85 na última semana. Técnicos e peritos da Polícia Científica de Buenos Aires e da Promotoria de Justiça de Munro, após dezenas de análises, descobriram simultaneamente que o entorpecente vendido numa comunidade chamada Puerta 8, no distrito de Tres de Febrero, continha carfentanil, um opioide fortíssimo de uso veterinário utilizado para anestesiar elefantes.
O diário Clarín informou que “o resultado de dois estudos de especialistas independentes chegou à conclusão de que a substância utilizada para aumentar o cloridrato de cocaína, encontrada em várias amostras apreendidas no contexto dessas ações, é o carfentanil, um opioide extremamente forte cujos efeitos são 10 mil vezes mais fortes que a heroína ou o fentanil".
A dúvida que fica, agora, é sobre como uma substância tão poderosa e rara chegou às mãos de traficantes de uma pequena localidade na periferia de Buenos Aires. Para se ter uma ideia, o carfentanil é tão brutal em seus efeitos que não se sabe a dose que seria letal para o ser humano, uma vez que só de entrar em contato com o produto, pela pele, já seria suficiente para uma reação mortal.
O FDA, a agência dos EUA que regula medicamentos e alimentos, emitiu uma nota há alguns anos, alertando peritos de todo país para não manusearem essa substância destinada a “sossegar” elefantes, um animal gigante que pode chegar a pesar até sete toneladas. Só o contato com o carfentanil, diz o órgão norte-americano, pode ser fatal.