A rede de fast food McDonald's foi notificada por centrais sindicais da França e tem até três meses para apresentar uma estratégia de vigilância que garanta que seus fornecedores não estão envolvidos em crimes ambientais ou infrações trabalhistas, entre elas, situações análogas à escravidão.
Levantamento da Repórter Brasil revelou que a carne de seus hambúrgueres, o suco de laranja, o café certificado e até mesmo a soja que alimenta o frango estão sujeitos ao desmatamento e ao trabalho escravo.
Caso a rede não apresente o plano até junho, a Justiça francesa poderá ser acionada, obrigando a empresa a pagar multas por cada dia de atraso.
De acordo com a Repórter Brasil, o envio de uma notificação formal é a primeira etapa processual estabelecida pela Lei Francesa da Devida Diligência, em vigor desde março de 2017.
A lei francesa prevê que empresas nacionais e estrangeiras com mais de 5 mil trabalhadores no país devem implementar um plano de vigilância anual para identificar, prevenir, mitigar e responder por danos nas áreas de direitos humanos, meio ambiente, saúde e segurança de trabalho.
O instrumento jurídico francês tem alcance sobre as operações da própria empresa, suas subsidiárias e fornecedores diretos e indiretos, inclusive fora do país.
Trabalho escravo
As denúncias da Repórter Brasil revelam casos como a compra de carne de um frigorífico da JBS no Mato Grosso do Sul cujo fornecedor foi flagrado mantendo nove trabalhadores indígenas em condições análogas à escravidão.
A reportagem mostrou que uma das fazendas brasileiras de seu principal fornecedor de café, a Segafredo, perdeu certificados de boas práticas depois que uma auditoria constatou aplicação de agrotóxico em áreas proibidas.
A Sucocítrico Cutrale, que produz o suco vendido pelo McDonald's em vários países, reduziu pagamentos a trabalhadores e cortou o vale-alimentação durante a pandemia.
Em comunicado enviado à imprensa francesa, o McDonald' contestou as denúncias e declarou que exige de seus fornecedores o "cumprimento rigoroso" do Código de Conduta da companhia.
“O respeito aos direitos humanos e a segurança de nossos fornecedores são prioridades absolutas para o McDonald’s na França”, disse a filial da rede de fast food.
O levantamento do Repórter Brasil pode ser conferido aqui.