Argentina se retira do Grupo de Lima, criado para pressionar Venezuela

Anúncio feito pelo governo Alberto Fernández enfraquece a articulação formada contra Maduro

Alberto Fernandez, presidente da Argentina (Reprodução/Twitter)
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O governo da Argentina, comandado pelo presidente Alberto Fernández, anunciou nesta quarta-feira (24) que o país não irá mais compor o chamado Grupo de Lima. O bloco foi criado em 2017 com o objetivo principal de pressionar o presidente Nicolás Maduro a abandonar o governo na Venezuela.

"A República Argentina formalizou sua saída do denominado Grupo Lima, considerando que as ações que o Grupo vem promovendo em âmbito internacional, visando isolar o Governo da Venezuela e seus representantes, não deram em nada. Por outro lado, a participação de um setor da oposição venezuelana como mais um membro do Grupo Lima tem levado à adoção de posições que nosso Governo não pôde e não pode apoiar", diz trecho de nota publicada pela chancelaria argentina.

O grupo foi um dos primeiros a reconhecer a presidência fictícia do ex-deputado Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente do país no início de 2018. Após boicotar as eleições legislativas de 2020, Guaidó, que já havia perdido a presidência da Assembleia Nacional, não é mais deputado. Mesmo assim, ele insiste na presidência fake.

"Em um contexto em que a pandemia assola a região, as sanções e os bloqueios impostos à Venezuela e às suas autoridades, bem como as tentativas de desestabilização ocorridas em 2020, não produziram nada além do agravamento da situação da população e, em particular, a dos setores mais vulneráveis. É importante destacar que as sanções afetaram o gozo dos direitos humanos pela população venezuelana, conforme afirma o relatório da Relatora Especial sobre as repercussões negativas das medidas coercitivas unilaterais no gozo dos direitos humanos", afirma a chancelaria, comandada por Felipe Solá.

O relatório mencionado na nota foi aprovado na terça-feira (23) no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) por 30 votos a favor e 15 contra. O Brasil foi o único país da América Latina a votar contra a resolução, acompanhando os Estados Unidos. A Argentina votou a favor.

Além do Brasil, integram o Grupo de Lima: Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. México, Santa Lúcia e Guiana são contrários a Guaidó. A Bolívia chegou a entrar no grupo no período da ditadura de Jeanine Áñez, mas saiu logo que assumiu o presidente legítimo Luis Arce.

Confira aqui a nota da chancelaria

Com informações da Sputnik News

https://twitter.com/jaarreaza/status/1374360565330612228