Está em jogo, nas próximas eleições dos Estados Unidos, uma reconfiguração na Suprema Corte, o que pode desequilibrar o quadro atual.
O voto nos EUA não é obrigatório, mas a cada pleito uma questão tem levado mais pessoas às urnas. Com o ex-presidente Barack Obama, os negros foram convocados a votar, uma vez que há pouca disposição destas pessoas a se envolverem na eleição por não se verem representadas pelos candidatos majoritários.
Contra a primeira eleição de Donald Trump, houve convocação para que mulheres e pessoas não-brancas comparecessem às urnas, o que não adiantou muito.
Agora, o que mexe com as pessoas é que o novo presidente poderá indicar dois ou três novos membros para a Suprema Corte.
Isso porque o ministro Atephen Breyer, de 82 anos, e a ministra liberal Ruth Ginsburg, que tem 87 anos e apresenta problemas de saúde, podem se aposentar. Essa mudança significará um desequilíbrio, uma vez que a corte tem cinco ministros conservadores, que foram nomeados por governos republicanos, e quatro ministros liberais, levados ao cargo durante governos democratas.
No entanto, informa João Ozório de Melo no Consultor Jurídico, apesar dos conservadores terem a vantagem de um voto, o presidente da Corte, John Roberts, que é conservador, muitas vezes vota com os liberais.
As eleições de agora, portanto, terão efeito muito além dos quatro anos de mandato dos vencedores, porque irão definir uma nova configuração na Corte, e isso poderá durar décadas.
Se o democrata Joe Biden for eleito presidente dos EUA, poderá formar uma maioria liberal. Caso vença Trump e nomeie dois ministros, o jogo fica 7 a 2 para os conservadores. Os liberais só podem chegar a 5 a 4, contando ainda com o voto incerto de John Roberts. Há a possibilidade do ministro republicano Clarence Thomas se aposentar.
E o que isso significa? Os republicanos querem acabar com o Obamacare, que o aquele seguro-saúde que atende à população mais pobre, algo em torno de 20 milhões de pessoas. Se não fosse pelo voto de Roberts, essa população já estaria sem seguro-saúde.
Além disso, está em jogo o aborto legalizado, a legalização do casamento LGBTQI+, a criminalização da homofobia, as vultosas contribuições eleitorais, o controle do porte de armas, a proteção do meio ambiente etc.
Mas ainda há outra pulga atrás das orelhas, a eleição dos senadores. Isso porque são eles que irão validar a indicação do novo presidente. É preciso garantir a maioria no Senado para assegurar a maioria na Suprema Corte.
Há motivos de sobra para que os fundamentalistas religiosos, em particular, e os evangélicos de uma maneira geral, corram às urnas. Uma vitória de Biden, seguida de uma maioria no Senado, poderá mudar os rumos da nação norte-americana para as próximas décadas.
A ver.