“Bolsonaro vai tentar golpe, mas não terá apoio”, diz Eurasia Group

O grupo, considerado a Bíblia do mercado financeiro, analisou ainda as probabilidades diante de um novo governo Lula

Jair Bolsonaro. (Foto: Alan Santos/PR)
Escrito en GLOBAL el

A consultoria Eurasia Group, especialista em análises de risco, uma espécie de guia mundial para banqueiros e o mercado financeiro, afirma em seu primeiro boletim do ano que 2022 será “extraordinário” para a política no Brasil.

De acordo com o texto, “a popularidade do presidente Jair Bolsonaro vai cair com a piora da economia, tornando Luiz Inácio Lula da Silva o favorito para vencer as eleições presidenciais de outubro”.

“A expectativa de uma vitória de Lula”, prossegue o boletim, “desestabilizará os mercados, dadas suas promessas de maiores gastos do Estado, e um Bolsonaro desesperado desafiará a legitimidade das instituições democráticas do Brasil. Mas as preocupações de que a democracia no Brasil esteja em risco ou de que Lula faça uma virada radical para a esquerda que desencadeie uma crise financeira de confiança são ambas exageradas”, conclui.

Provável segundo turno

O boletim afirma ser “muito provável que Bolsonaro chegue a um segundo turno contra Lula”. O texto, no entanto, compara o presidente brasileiro a Donald Trump, e diz que “diante da perspectiva de derrota, Bolsonaro intensificará seus ataques aos tribunais, à mídia e ao próprio processo eleitoral do Brasil para manter sua base mobilizada e reafirmar suas credenciais antissistema. Se ele perder a eleição, provavelmente contestará os resultados e alegará que a eleição foi roubada. Já vimos essa história antes”.

Não há risco de golpe

Com tudo, o texto afirma que “a democracia do Brasil não está em risco. As instituições democráticas do Brasil estão consolidadas e fortes. O judiciário, os governadores, o Congresso e a mídia são independentes e impedirão um esforço desonesto para derrubar um resultado eleitoral”. Para o Eurasia, “os militares não seguirão nenhuma tentativa do Bolsonaro de desafiar os resultados das eleições, e o Supremo Tribunal Federal tomou medidas para cortar o financiamento de grupos online pró-Bolsonaro que alimentaram mobilizações anteriores”, lembra.

Lula

“Se vencer, Lula terá que fazer uma virada pragmática na gestão econômica”, diz o boletim. “A provável escolha de um companheiro de chapa de centro, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, é um claro sinal do que está por vir”.

De acordo com o Eurásia, Lula terá que cumprir promessas de mais gastos com projetos sociais, mas vai compensar isto com “impostos mais altos e uma nova regra fiscal”. A consultoria não considera a carga tributária mais alta uma boa notícia. “O resultado é um crescimento sem brilho e um terceiro mandato muito difícil. Mas o país não está caminhando para um colapso político ou econômico”.

Ao final, o boletim atribui aos cariocas em geral uma piada do cantor e compositor Tom Jobim e afirma: “o Brasil não é para amadores”, e encerra: “não se deixe enganar”. A frase exata de Jobim é: “o Brasil não é para principiantes”.