Campanha italiana contra racismo causa revolta ao usar imagens de macacos

Material produzido para a liga italiana pelo artista Simone Fugazzotto foi acusado de reproduzir opressão racial

Foto: Serie A/Reprodução
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Uma campanha publicitária de combate ao racismo promovida pela Serie A - a liga italiana de futebol - divulgada nesta segunda-feira (16) tem sido acusada de produzir justamente o efeito contrário de seus objetivos. Produzida pelo artista italiano Simone Fugazzotto, a campanha "Diga Não ao Racismo" é composta pela imagem de três macacos - cada um tendo feições de etnias humanas específicas - com os rostos pintados. A atual temporada do futebol italiano tem sido marcada por episódios de racismo. Uma ofensa infelizmente comum é justamente chamar jogadores negros de macacos. A Rede Futebol Contra o Racismo na Europa [Fare Network, em inglês] foi uma das entidades a reagir ao material produzido pela liga italiana. "Mais uma vez, o futebol italiano deixa o mundo sem palavras. É difícil entender o que a Série A estava pensando, quem eles consultaram? Em um país em que as autoridades falham em lidar com o racismo semana após semana, a Série A lançou uma campanha que parece uma piada de mau gosto", disse a entidade à BBC. De acordo com a entidade futebolística, os cartazes "têm como objetivo espalhar os valores da integração, do multiculturalismo e da irmandade". Fugazzotto afirmou que os macacos são uma "metáfora dos seres humanos": "Eu sempre pintei macacos nos últimos cinco a seis anos, então pensei em fazer esse trabalho para ensinar que somos todos macacos", afirmou em uma coletiva de imprensa. A polêmica, entretanto, levou a Inter de Milão pedir o abandono da atual campanha e o retorno da iniciativa Brothers Universally United [Irmãos Unidos Universalmente, em tradução livre].