Cepal acredita que América Latina pode viver novo turbilhão de protestos após coronavírus

"Se os governos estão pensando em voltar ao que havia antes, é aí que a crise social será desencadeada novamente", declarou Alicia Bárcena, secretária executiva da entidade

Manifestação no Chile - Foto: Reprodução/Twitter
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A secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Bárcena, declarou na terça-feira (12) acreditar que a América Latina pode viver um novo ciclo de protestos caso as medidas tomadas pelos governos contra o coronavírus não sejam suficientes para lutar contra as desigualdades.

"Se os cidadãos perceberem que essa crise foi o choque necessário para mudar sua mentalidade e modelo de desenvolvimento, podemos ter um futuro melhor", declarou Bárcena em entrevista à agência Efe.

"Se os governos estão pensando em voltar ao que havia antes, é aí que a crise social será desencadeada novamente, porque não queremos voltar a tanta desigualdade e tantas lacunas estruturais", completou.

Em 2019, fortes manifestações foram vistas em diferentes países da região contra a desigualdade e as políticas neoliberais. Em Chile, Equador e Colômbia eclodiram protestos contra o modelo vigente.

No Chile os manifestante conseguiram a aprovação de um plebiscito constituinte para rever a Constituição vigente desde a ditadura de Pinochet. A votação seria em 26 de abril, mas teve que ser adiada em razão da pandemia.

A Cepal acredita que a América Latina vai viver a maior recessão da história após o coronavírus e, para Bárcena, serão necessárias medidas que vão além da reconstrução econômica. "A reconstrução social que será necessária após essa pandemia é muito mais profunda do que apenas a reativação econômica. Novos mecanismos de solidariedade são necessários", disse.

Entre as medidas defendida pela entidade está a adoção da renda mínima universal na região.