Chacina do Jacarezinho: pedido de justiça em carta no Le Monde reúne nomes de Chico Buarque a Chomsky

Dezenas de intelectuais e personalidades do Brasil e do mundo denunciam as violações de direitos praticadas pela polícia brasileira no tradicional jornal francês; confira

Protesto de moradores do Jacarezinho contra a chacina (Foto: @maydonaria)
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Um grupo que reúne dezenas de personalidades do Brasil e do mundo publicou no tradicional jornal francês Le Monde, nesta quarta-feira (16), uma carta aberta em que pedem justiça pelo assassinato de 28 pessoas na Favela do Jacarezinho no dia 6 de maio, após uma operação policial que ficou conhecida como Chacina do Jacarezinho.

A carta, intitulada "Nós pedimos justiça pelo massacre da favela de Jacarezinho", é subscrita por nomes como o cantor, escritor e compositor Chico Buarque, o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT), a senadora francesa Laurence Coehn, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, o filósofo, linguista e ativista estadunidense Noam Chomsky, a jurista e professora universitária brasileira Carol Proner, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), entre outros. A inciativa foi capitaneada pela associação Autres Brésils.

Na carta, os signatários destacam as inúmeras violações de direitos cometidas pela polícia durante a operação, amplamente divulgadas pela mídia, e afirmam que "essas ações violentas comprovam que o Estado e sua política de segurança não consideram moradores de bairros de baixa renda, como os do Jacarezinho, como merecedores de tratamento justo e digno".

"Mais uma vez, a ação da polícia, que deveria combater os narcotraficantes, foi marcada pelo uso extremo da força em desrespeito aos direitos humanos mais básicos", afirmam ainda.

O texto chama a atenção, ainda, para o fato de que a operação policial aconteceu em detrimento da decisão do STF, que proibiu ações do tipo em comunidades durante a pandemia do coronavírus. "Desde agosto de 2020, o tribunal proibiu qualquer operação policial nas favelas durante a pandemia, exceto em casos 'absolutamente excepcionais'. Apesar dessa decisão, o ano de 2020 foi tristemente marcado pela morte de 947 pessoas mortas por policiais no estado do Rio de Janeiro", pontuam, pleiteando que as investigações sobre a chacina sejam retiradas de sigilo, que os policiais envolvidos sejam punidos e que as famílias das vítimas sejam indenizadas.

Confira a íntegra da carta, em francês, aqui.