O observatório NetBlocks, que avalia instabilidades e interrupções no fornecimento de internet no mundo, registrou uma queda nas redes na cidade de Cali, na Colômbia, enquanto o governo de extrema-direita de Iván Duque reprimia a população diante da gigantescas manifestações que tomaram o país contra o presidente, o uribismo, a violência de Estado e o neoliberalismo.
"Confirmado: dados de rede em tempo real mostram internet interrompida em #Cali#Colombia em meio à agitação social, os manifestantes são recebidos com força mortal pelas autoridades; incidente em andamento", diz comunicado publicado pelo NetBlocks nesta quarta-feira (5).
Manifestantes tem usado as redes sociais para expor os abusos cometidos pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (ESMAD). O portal Colômbia Informa também reportou as falhas na internet: "Cidadãos denunciam que, desde cerca das 22h30, a conexão à Internet e as redes sociais falham constantemente. Eles não podem fazer transmissão ao vivo ou enviar relatórios sobre a situação em Siloé e Puerto Resistencia".
Desde a semana passada, protestos tomaram o país em uma jornada contra uma Reforma Tributária neoliberal apresentada por Duque. Diante da violência empreendida pelo governo contra os manifestantes, as marchas passaram a se insurgir também contra a atuação violenta do Estado e o "uribismo" - doutrida do ex-presidente Álvaro Uribe, na qual Duque é seguidor.
Segundo dados do instituto Indepaz, referência na luta pela paz no país, a repressão governamental já deixou 31 mortos, 1220 feridos, 87 desaparecidos, 18 pessoas cegas. Cali, terceira maior da Colômbia, é a mais atingida pela repressão, com 24 das 31 mortes registradas por lá.
Vídeos divulgados nas redes sociais nesta quarta-feira mostram os agentes do Estado usando helicópteros para atingir manifestantes. Confira no fim da matéria.
O Fórum América Latina desta terça-feira (5) tratou sobre a situação da Colômbia com mais detalhes, confira: