Dossiê enviado a Biden pede suspensão de acordos entre EUA e governo Bolsonaro; leia a íntegra

Documento foi elaborado pela Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil, que reúne mais de 1,5 mil pessoas em 234 universidades dos 45 estados norte-americanos. Dois parlamentares fizeram a revisão do relatório

Jair Bolsonaro e Joe Biden, com Kamala Harris ao fundo (Montagem)
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Um dossiê de 31 páginas elaborado pela Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil (USNDB, na sigla em inglês), assinado por mais de mais de 100 acadêmicos de universidades como Harvard, Brown e Columbia, além de organizações como a Friends of the Earth, nos EUA, e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), foi enviado ao presidente estadunidense, Joe Biden, e à vice, Kamala Harris, recomendando a suspensão de acordos com o governo Jair Bolsonaro.

"Os Estados Unidos têm obrigação moral e interesse prático em se opor a uma série de ações tomadas pela atual administração brasileira. A nova “relação especial” entre os Estados Unidos e o Brasil, na forma de relações comerciais expandidas e auxílio militar, têm permitido violações de direitos humanos e ambientais e protegido Bolsonaro de consequências internacionais", diz o documento, no tópico "recomendações de políticas públicas".

O dossiê foi elaborado por 14 grupos de trabalho em uma conferência realizada na Faculdade de Direito de Columbia. No total, mais de 1.500 pessoas, em 234 faculdades e universidades de 45 estados dos Estados Unidos, somaram-se à Rede, que se coloca como descentralizada, democrática e apartidária, com três objetivos principais: 1) ) Informar o público estadunidense sobre a atual situação do Brasil; (2) Defender avanços sociais, econômicos, políticos e culturais no Brasil; e (3) Apoiar movimentos sociais, organizações comunitárias, ONGs, universidades e ativistas etc., que enfrentam diversas ameaças no cenário político atual.

Segundo a BBC Brasil, ao menos dois parlamentares próximos ao gabinete de Biden — a deputada Susan Wild, do comitê de Relações Internacionais, e Raul Grijalva, presidente do comitê de Recursos Naturais — revisaram o documento antes do envio.

Assuntos
O documento é dividido em 10 assuntos "mais pertinentes", começando por "Democracia e Estado de Direito". "Bolsonaro vem continuamente desprezando práticas democráticas que garantem eleições justas e
independentes e a separação e equilíbrio de poderes no governo", diz a apresentação do tópico, que detalha os atos da administração Bolsonaro-Mourão que tem "enfraquecido a democracia brasileira e acelerado a erosão institucional ao abraçar o autoritarismo".

Os temas se denvolvem ainda em direitos indígenas, mudanças climáticas, desmatamento, política econômica, direitos humanos, violência estatal e brutalidade policial, liberdade religiosa e aborda ainda "os graves problemas na gestão da pandemia de Covid-19, levando a milhares de mortes desnecessárias, falhando na criação de um plano de vacinação e permitindo que o sentimento antivacina se disseminasse na população".