Exclusivo: Evo Morales relata à Revista Fórum as ameaças de morte que sofreu durante o golpe de Estado

Em entrevista a Renato Rovai e Dri Delorenzo, ex-presidente boliviano conta que golpistas ameaçaram de morte vários políticos do seu partido e seus familiares

Evo Morales - Foto: Reprodução/Twitter
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Um dos momentos mais impactantes da entrevista exclusiva de Evo Morales com a Revista Fórum foi o seu relato sobre a violência dos golpistas contra ele, seus familiares e outras lideranças do seu partido, o MAS (Movimento Ao Socialismo).

Segundo Morales, “o golpe foi movido pelo racismo natural da direita boliviana, mas desse racismo eles passaram rapidamente ao fascismo, ameaçando pessoas, lideranças do MAS, lideranças indígenas e camponesas, e tudo isso com o aval ou com a participação direta de um setor das Forças Armadas e das polícias que foram os últimos que aderiram à aliança golpista”.

O ex-presidente também contou que grupos de jovens militantes de direita atacaram as casas de prefeitos, deputados, ministros e outros políticos do MAS, sempre com a cumplicidade das forças policiais e das Forças Armadas. Também atacaram alguns edifícios governamentais e sedes de organizações indígenas.

Além disso, Morales contou que as ameaças não eram somente contra ele e outros militantes políticos, mas também aos seus familiares. “Queimaram a casa da minha irmã, ameaçaram outros políticos dizendo que sabiam onde estavam seus familiares e que estavam ameaçados”, relata o ex-presidente, que está na Argentina, país onde recebeu asilo político do presidente Alberto Fernández.

Antes de chegar à Buenos Aires, passou suas primeiras semanas de exílio no México. Ele conta que a saída do voo que o levou à capital mexicana teve diversos problemas. “Nenhum país queria dar permissão para a primeira parada do voo, nem Peru, nem Colômbia… por sorte, conseguimos autorização do presidente do Paraguai (Abdo Benítez)”.

Outro problema foi que os próprios militares bolivianos resistiram em permitir a saída do avião que levava Evo Morales e o então vice-presidente Álvaro García Linera, até que este intercedeu. “O companheiro Álvaro falou com o comandante das Forças Armadas, disse que se ele não liberasse o voo, poderia gerar uma guerra civil no país, que a Bolívia iria arder, só então eles autorizaram”.