Facebook engana investidores e põe lucro acima da segurança, diz ex-funcionária

Frances Haugen assumiu que foi ela quem vazou documentos internos ao The Wall Street Journal. Ações da gigante da internet desabaram com as revelações e a queda dos serviços em nível mundial nesta segunda-feira (4)

Imagem: CBS (Reprodução)
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Frances Haugen, uma ex-gerente de produtos do Facebook, deu uma entrevista neste domingo (3) ao programa “60 Minutes”, da rede de TV CBS, e assumiu ser a autora do vazamento de dezenas de milhares de páginas com documentos da gigante da internet ao The Wall Street Journal, nos quais há evidências de que a companhia de Mark Zuckerberg mentiu sobre o combate ao discurso de ódio, violência e fake news na plataforma. O material mostra ainda que os dados forjados de engajamento contra essas ocorrências enganaram investidores.

“Houve conflitos de interesse entre o que era bom para o público e o que era bom para o Facebook... E o Facebook, repetidas vezes, optou por otimizar em favor de seus próprios interesses, como para ganhar mais dinheiro”, afirmou Haugen.

As denúncias levaram a uma queda vertiginosa de 5,6% nas ações do Facebook na Nasdaq, a bolsa de valores de empresas de alta tecnologia, e já é considera por especialistas o maior baque financeiro da história da empresa, ao lado do escândalo Cambridge Analytica, ocorrido em 2014 e confirmado em 2018, no qual o Facebook teria vazado dados pessoais de 87 milhões de seus usuários para uso político nos EUA.

A ex-funcionária afirma que o Facebook desmontou sua equipe de “integridade cívica” logo após a eleição de 2020, assim que Joe Biden foi declarado vencedor, contribuindo para a disseminação de fake news e postagens agressivas que culminaram com a invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro deste ano por seguidores radicais de  Donald Trump.

O Facebook reagiu às acusações por meio de uma declaração de sua diretora de Comunicação e Políticas, Lena Pietsch, emitida logo após o encerramento do “60 Minutes”, ainda no domingo (3) à noite.

“Mantemos nossas declarações públicas e estamos prontos para responder a quaisquer perguntas que os reguladores possam ter sobre nosso trabalho. Proteger nossa comunidade é mais importante do que maximizar nossos lucros”, escreveu a executiva.

Um outro funcionário de alto escalão da rede social de Mark Zuckerberg também saiu em defesa da empresa e fez uma ofensiva mais agressiva contra a denunciante nesta segunda-feira (4). Nick Clegg, chefe de Assuntos Globais, afirmou a um telejornal da rede CNN que “as acusações são enganosas e ridículas”.