Em entrevista para o UOL, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, falou sobre a situação da Venezuela, defendeu a legalidade do atual mandato do presidente desse país, Nicolás Maduro, e criticou a estratégia dos Estados Unidos em reconhecer como presidente Juan Guaidó, líder de um setor da oposição ao chavismo.
Para o líder do PT, a melhor forma de se resolver o conflito na Venezuela é dialogando com o presidente Nicolás Maduro. “Quem está tomando a iniciativa de conversar é o Maduro, não é o Guaidó. O Guaidó gostaria, na verdade, até tentou forçar, que os americanos invadissem a Venezuela. Ele deveria ter sido preso, e o Maduro foi democrático e não o prendeu quando ele foi para a Colômbia tentar instigar a invasão da Venezuela”, comentou Lula.
O ex-presidente também criticou a postura dos Estados Unidos e da Europa com relação à Venezuela, dizendo que “não poderiam ter reconhecido um farsante que se autoproclamou presidente (Guaidó). Não é correto, porque se a moda pega a democracia é jogada no lixo e qualquer picareta pode se autoproclamar presidente, sabe. Eu poderia agora me autoproclamar presidente do Brasil, sabe, mas e a democracia, onde vai?”.
Na entrevista, Lula foi preguntado se considera Maduro um democrata, e disse que ele foi eleito democraticamente. “Se ele está fazendo um bom governo ou não, são outros quinhentos. Agora, você não dá golpe em todos os países que não estão bem”. Além disso, também repudiou as sanções impostas pelos Estados Unidos ao país sul-americano: “Não dá para gente fazer crítica ao Maduro e não fazer crítica ao bloqueio. O bloqueio não ataca soldado, não mata culpado, o bloqueio mata inocentes”.
Outro tema abordado na matéria do UOL foi o apoio de Lula a Evo Morales, ex-presidente da Bolívia que foi derrubado em um golpe em novembro – mas que o UOL diz que “renunciou sob pressão dos militares em outubro”.
A matéria também diz que Morales foi eleito sob denúncia de fraude eleitoral, mas esquece de mencionar que, na semana passada, um informe do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos) afirmou que não há nenhum indício de fraude na vitória de Evo usada como desculpa para o golpe – e foi o segundo informe de observadores concluindo isso, antes houve um do CEPR (Centro de Pesquisa Econômica e Política), em novembro, com a mesma definição.
Mas o UOL insistiu em que houve fraude a favor de Evo Morales, ao que Lula respondeu: “A (eleição) do George Bush não foi complicada contra o Al Gore? Foi complicada, o Bush tomou posse e governou oito anos. A do Trump não foi complicada? Foi complicada, ele tomou posse. A do Bolsonaro não foi complicada? Todo mundo sabe a farsa do fake News”.