Papa Francisco mira Bolsonaro em missa de encerramento do Sínodo da Amazônia: "Quanta superioridade presumida"

“Quantas vezes quem está à frente, como o fariseu relativamente ao publicano, levanta muros para aumentar as distâncias, tornando os outros ainda mais descartados. Ou então, considerando-os atrasados e de pouco valor, despreza as suas tradições, cancela suas histórias, ocupa os seus territórios e usurpa os seus bens", disse o papa

Papa Francisco - Foto: Reprodução
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Na missa de encerramento do Sínodo da Amazônia, neste domingo (27) no Vaticano, Papa Francisco mirou seu sermão na política predatória de Jair Bolsonaro na região. Em mea culpa, referindo-se à atuação da própria Igreja na doutrinação de indígenas durante o processo de colonização do Brasil, o pontífice disse que "os erros do passado não foram suficientes para deixarmos de saquear os outros e causar ferimentos aos nossos irmãos e a nossa irmã terra: vimos isso no rosto desfigurado da Amazônia”. “Quantas vezes quem está à frente, como o fariseu relativamente ao publicano, levanta muros para aumentar as distâncias, tornando os outros ainda mais descartados. Ou então, considerando-os atrasados e de pouco valor, despreza as suas tradições, cancela suas histórias, ocupa os seus territórios e usurpa os seus bens", disse o papa, em uma crítica direta às políticas de Bolsonaro que têm a pretensão de incluir indígenas na chamada "cultura judaíco-cristã". Em trecho improvisado, o papa ainda criticou a pretensa superioridade com que os governantes tratam os povos nativos da Amazônia. “Quanta superioridade presumida, que se transforma em opressão e exploração, ainda hoje! Vimos isso no Sínodo quando falamos sobre a exploração da Criação, das pessoas, dos habitantes da Amazônia, do tráfico de pessoas e do comércio de pessoas!”, afirmou. A missa, na Basílica de São Pedro, encerrou as três semanas da assembleia do sínodo. No sábado, foi divulgado um documento de 33 páginas, com propostas como a ordenação de homens casados para atuar na Amazônia, a criação do “pecado ecológico”, o respeito à religiosidade não cristã indígena e o estabelecimento de um “observatório pastoral socioambiental”.