Papa rejeita “reunião surpresa” com Mike Pompeo e Vaticano acusa Trump de “jogada eleitoral”

O secretário de Estado chegou a Roma nesta quarta e tentou forçar um encontro fora da agenda com o sumo pontífice. Foi recebido pelo cardeal Paul Richard Gallagher, que criticou a atitude estadunidense

Papa Francisco e Mike Pompeo (foto: montagem)
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A visita de Mike Pompeo à capital da Itália, iniciada nesta quarta-feira (30), tinha encontros programados do secretário de Estado norte-americano com diversas autoridades políticas do país europeu.

No meio dessa agenda, estava marcado também um evento entre o diplomata e o Papa Francisco, já que a sede do Vaticano também fica em Roma. O problema é que estava marcado apenas na agenda estadunidense. Sem um pedido formal, Mike Pompeo chegou de surpresa na Praça São Pedro, com um pedido para ver o sumo pontífice.

Contudo, teve que se contentar com algo mais modesto: quem o recebeu foi o cardeal Paulo Richard Gallagher, secretário de Assuntos Exteriores do Vaticano e um dos principais assessores de Francisco para temas internacionais.

O encontro não deve ter sido dos melhores, já que o cardeal Gallagher criticou a postura estadunidense minutos depois de deixar a sala de reunião. “Isso não se faz. Normalmente, quando se preparam visitas de alto nível, se negocia a agenda de forma privada e confidencial, dando a possibilidade de ambos definirem o simpósio”, declarou o assessor papal, segundo a agência italiana de notícias ANSA.

Gallagher também afirmou que a situação cria um clima de “tentativa de instrumentalização do papa, com fins eleitorais”, por parte do governo de Donald Trump, que está em campanha por sua reeleição nos Estados Unidos. “Essa é uma das razões pelas quais o Papa não se reunirá com o secretário Mike Pompeo”, explicou o cardeal-chanceler.

Outro objetivo da visita surpresa de Pompeo foi pressionar o Vaticano a respeito de um acordo com a China pelo qual a sede da Igreja Católica nomearia novos bispos católicos chineses.

Tal acordo foi assinado em 2018 e termina sua vigência neste mês de outubro. O governo estadunidense pressiona Francisco para que o acordo não seja renovado, e usa o argumento de que o Vaticano “perderia sua autoridade moral” se mantendo em boas relações com o governo chinês.