Para ex-ministra alemã, Brasil é "outro mundo" por ter presidente denunciado por corrupção no cargo

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Em entrevista, a deputada federal e ex-ministra da Justiça da Alemanha, Herta Däubler-Gmelin, classificou o momento político no Brasil como um "retrocesso", disse que justiça só funciona para os mais ricos e salientou que em seu país qualquer político renunciaria "imediatamente" ao ser denunciado por corrupção Por Redação Apesar de ter se salvado do prosseguimento da denúncia por corrupção e ainda ter algum apoio no Congresso, além de ser reprovado pela maior parte da população brasileira, a imagem de Temer também não é das melhores à nível internacional. Solitário e deslocado na última cúpula do G-20, o peemedebista foi alvo, agora, de duras críticas da ex-ministra da Justiça alemã (1998-2002), Herta Däubler-Gmelin. Em entrevista à Deutsche Welle Brasil, Herta classificou o momento político atual do Brasil como um "retrocesso" e disse que, em seu país, qualquer político denunciado por corrupção renunciaria "imediatamente" e que por isso o Brasil, por manter no cargo um presidente nessa situação, é um país de "outro mundo". "Nunca aconteceria na Alemanha de um presidente sob suspeita de corrupção, com denúncia apresentada pela própria Procuradoria-Geral da República, não renunciar imediatamente ao cargo. Tivemos um caso notório na Alemanha (renúncia do presidente Christian Wulff, em 2012). Tratava-se de 700 Euros. Mas, obviamente, assim que o procurador-geral apresentou a denúncia, estava claro para a opinião pública que o presidente tinha que renunciar. E foi o que ele fez. Aqui é outro mundo", disse Herta, que é advogada e foi, por mais de 30 anos, deputada pelo Partido Social-Democrata (SPD). A ex-ministra está no Brasil nesta semana para participar de um evento sobre democracia. Na mesma entrevista, ela fez críticas ao sistema judiciário brasileiro e como ele afeta na caminhada por uma "democracia plena". Esse "conflito" entre democracia e justiça foi o norte da mesa de debate que participou no evento. "A intenção é refletir sobre a democracia que queremos. É uma democracia em que as decisões são tomadas de cima para baixo, em que algumas pessoas não são consideradas cidadãs, em que o sistema judiciário é usado apenas para privilegiar ricos e poderosos, para preservar privilégios? Ou queremos uma democracia participativa?", disse. Confira a íntegra da entrevista no DW Brasil.