Trump afirma que quer propor novo acordo de controle de armas para Rússia e China

Objetivo da iniciativa trilateral é evitar uma corrida armamentista, mas entra em contradição com o fato de que foi ele que, em anos anteriores, abandonou acordos do tipo sem propor nada no lugar

O estadunidense Donald Trump, o russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping (foto: reprodução)
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Reforçando seu estilo de morder e depois assoprar, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (5) que pretende propor a Rússia e China uma nova iniciativa trilateral de controle de armas.

Segundo ele, a intenção é “evitar uma custosa corrida armamentista cara, e trabalhar em conjunto para construir um futuro melhor, mais seguro e mais próspero para todos”.

A declaração se deu em meio à celebração do 50º aniversário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que foi ratificado durante a Guerra Fria. O governo dos Estados Unidos aproveitou a data para divulgar documentos classificados há mais de 50 anos, “para destacar o trabalho árduo necessário pelo qual se chegou a efetivar esse tratado”, disse o mandatário, que pediu que Rússia e o Reino Unido também desclassifiquem seus documentos.

A nova postura de Trump chama a atenção, já que, em agosto de 2019, ele decidiu abandonar o histórico Tratado sobre Mísseis de Médio e Curto Alcance, que seu país assinou com a União Soviética, em 1987.

Anos antes, ele também tirou os Estados Unidos do Acordo Nuclear com o Irã, alcançado pelo governo de Barack Obama – que plagiou uma proposta idealizada por Celso Amorim, e oferecida em 2009 pelo então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos dois casos já citado, Trump não propôs nada em troca dos acordos abandonados pelos Estados Unidos, criando um vazio que aumentou as tensões geopolíticas.

Além disso, Trump também já anunciou que não irá renovar o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, cuja vigência terminará em fevereiro de 2021, apesar das repetidas propostas da Rússia de concordar com sua extensão – o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, chegou a dizer que este é “o último instrumento jurídico internacional que limita mutuamente as capacidades de mísseis nucleares dos dois países, e garante a previsibilidade no controle de armas”.

Ao menos neste último caso, a nova oferta poderia, talvez, ser uma alternativa, caso realmente se chegue a um acordo entre os três países.