Jânio de Freitas critica a Folha e diz que jornal voltou ao conceito de “ditabranda”

Em artigo publicado na mesma Folha, o jornalista também aproveita para, como ele mesmo diz, “romper um tabu” e assumir um episódio que a Folha odeia recordar: o empréstimo de veículos do jornal para a ditadura, no marco da Operação Bandeirante

Folha e a saudade da "Ditabranda" (Arquivo)
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Em sua coluna na Folha de São Paulo deste domingo (30), Jânio de Freitas traz mais uma crítica pesada ao recente editorial “Jair Rousseff”, no qual a mesma Folha distorce fatos e números para criar uma comparação forçada entre o governo de Jair Bolsonaro e o de Dilma Rousseff.

Segundo Jânio, “o editorial ‘Jair Rousseff’, publicado no sábado da semana passada (22), trouxe de volta a muitos leitores o tratamento de ‘ditabranda’ certa vez aplicado, também em editorial, aos anos de tortura e assassinato nos quartéis”.

Em outra passagem do artigo, o colunista também aproveita para, como ele mesmo diz, “romper um tabu” e assumir um episódio que a Folha odeia recordar.

“Trata-se do empréstimo, não sei se apenas episódico, de veículos da Folha à repressão na ditadura. Desde a redemocratização, essa colaboração substantiva e indigna é uma tinta pegajosa e indelével lançada contra a Folha, com justos motivos. Como sentença moral restaurada a cada atitude reprovável por determinados segmentos leitores”, admite o jornalista.

O episódio ao que Jânio de Freitas se refere é o do empréstimo de furgões da Folha, usados para a distribuição de exemplares do jornal, e que também eram usados pelas forças repressivas da ditadura para o sequestro de opositores, dentro da chamada Oban (Operação Bandeirante), concebida como agente centralizador da ação repressiva, especialmente no Estado de São Paulo.