Cerca de três anos após o apresentador William Bonner ler na íntegra o tuíte golpista do ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, às vésperas do julgamento do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal, o Jornal Nacional deu destaque à trama dos bastidores, exposta no livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante”.
"O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou hoje que pressão sobre Judiciário é ‘intolerável e inaceitável’. Foi uma reação a um relato do general Eduardo Villas Bôas que afirmou ter articulado com a cúpula do Exército uma postagem em uma rede social", disse a âncora Ana Luiza Guimarães.
Reportagem do jornalista Vladimir Netto resgatou a história do tuíte, que voltou à tona na última semana, e apontou que a postagem, feita em 3 de abril de 2018, foi uma tentativa de pressionar o STF a votar contra habeas corpus do ex-presidente Lula.
"A declaração foi vista como uma pressão sobre os ministros do STF. O ministro Edson Fachin era o relator do pedido de liberdade do ex-presidente", disse Netto. Segundo a matéria, Celso de Mello "deu a resposta" na época, mas destacou que Lula acabou preso - como queriam os militares.
O JN destacou que o texto não foi escrito só por Villas Bôas, mas pelo Comando Militar. O telejornal, então, leu na íntegra a nota de Fachin contra a pressão militar.
O programa, no entanto, não fez qualquer autocrítica por ter lido o tuíte de Villas Bôas na íntegra em 2018, sem qualquer perspectiva crítica sobre o que estava por trás da mensagem.
Ao invés de falar em "pressão contra o STF", o âncora William Bonner definiu aquela mensagem como "um comentário em repúdio à impunidade". REVEJA AQUI.