EUA

Guerra na Ucrânia é chance de Biden salvar mandato, diz Financial Times

Um dos jornais liberais mais influentes do mundo, o londrino Financial Times diz em editorial que "por mais assustador que seja, o cenário internacional pode representar a melhor chance de renovação de Biden"

Joe Biden discurso sobre o Estado da União.Créditos: Twitter/POTUS
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Um dos jornais liberais mais influentes no mundo, o londrino Financial Times afirmou em editorial que a guerra na Ucrânia pode salvar o governo de Joe Biden, que amarga 55% de reprovação à frente da Casa Branca.

No texto, o jornal cita o discurso sobre o Estado da União que Biden fez no Congresso e que só atingiu consenso entre Democratas e Republicanos quando o tema foi a guerra e os elogios ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

"Cabe a Biden aproveitar esse momento de consenso (comparativo). Ele tem que canalizar a resistência dos republicanos sem fraturar a coalizão ocidental anti-Putin, cujos membros nem todos desejam prosseguir no mesmo ritmo ou intensidade. A ênfase em “aliados” em seu discurso sugere que ele está ciente da delicadeza dessa tarefa", diz a publicação.

O jornal ressalta que o conflito no leste europeu torna mais fácil a tarefa para o presidente dos EUA, embora possa "não ser suficiente para reviver uma presidência em dificuldades".

"De fato, por mais assustador que seja, o cenário internacional pode representar a melhor chance de renovação de Biden. É certamente onde existe o maior potencial para o bipartidarismo", diz o FT, que prevê que quanto mais longa a guerra, melhor pode ser para Biden.

"Isso é de consequência prática, não apenas moral. Torna mais fácil para Biden pedir aos americanos, como fez na terça-feira, para arcar com os custos do que poderia ser um confronto duradouro com a Rússia. Também adverte o Kremlin para não contar com um Congresso do Partido Republicano muito mais fácil a partir do próximo ano. Os eleitores apoiam esmagadoramente uma ação dura".

O jornal britânico ainda afirma que assim como é considerado para Putin, o fim da Guerra Fria representou uma "tragédia" para os EUA.

"Putin certa vez descreveu a queda da União Soviética como uma “tragédia” para os russos. Ela também não deixou de ter resultados perversos para os EUA. Com o mundo em uma paz relativa, o país estaria à vontade para voltar-se contra si mesmo", diz o texto.

"Os acontecimentos na Europa lembraram aos americanos que alguns inimigos são maiores do que o partido político adversário. Se Biden puder aproveitar o momento, os EUA, e não apenas a Ucrânia, sairão beneficiados. É uma missão apropriada para um mandato presidencial em que uma volta do ímpeto interno é incerta", conclui o FT.