DANOS MORAIS

Luciano Hang, das lojas Havan, é condenado a indenizar jornalista alvo de ataques nas redes

Além da indenização por danos morais, o empresário bolsonarista também teve que apagar as publicações que citam o profissional em três redes sociais

Luciano Hang e Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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O empresário bolsonarista Luciano Hang, das lojas Havan, foi condenado na última segunda-feira (26) pela Justiça do Paraná a pagar indenização de R$ 5 mil ao jornalista Eduardo Matysiak. O profissional moveu um processo por danos morais contra Hang após ter sido exposto em publicações nas redes sociais.

Depois das postagens do empresário, o jornalista alega que sofreu uma série de ataques digitais, que incluíram ameaças, vindos de perfis bolsonaristas. Hang teria se revoltado com Matysiak, que registrou um ônibus sob responsabilidade estacionado em lugar proibido, e expôs o jornalista utilizando uma série de ofensas. O caso ocorreu em abril de 2022.

“A liberdade de expressão venceu! Quero agradecer a todos os colegas jornalistas que me apoiaram, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), o Sindicato dos Jornalistas do Paraná, a Arfoc (Associação Profissional dos Repórteres) e os meus advogados. Eu acredito na Justiça”, declarou o jornalista à Revista Fórum.

Além da condenação para pagar a indenização de R$ 5 mil por danos morais, Hang também terá de apagar as postagens que mencionam Matysiak em três redes sociais: Facebook, X (antigo Twitter) e Instagram. As publicações foram devidamente apagadas.

O escritório Sobania Advogados, que defendeu o jornalista, comemorou a decisão, especialmente pela determinação em retirar as menções a Matysiak nas redes de Hang. “A decisão enaltece a imprensa e a liberdade de informar”, disseram os advogados.

Relembre o caso

Na noite de 6 de abril de 2022, Luciano Hang estacionou um ônibus que estava sob sua responsabilidade, e que ele chama de “Patriota Bus”, em local proibido, próximo a um hotel em Curitiba. O veículo só não foi guinchado porque a Secretaria de Transportes não tem teria um guincho correspondente disponível. Mas Eduardo Matysiak fez imagens do “Patriota Bus” naquela situação.

Após ser multado, Hang usou as redes sociais para "expor" o fotojornalista e instigar ataques contra ele. O dono da Havan fez um post em tom de denúncia apontado que Matysiak seria de esquerda, como se isso fosse um crime. O milionário disse que é "perseguido" pelo “fotógrafo esquerdinha”.

"Olhando as redes sociais do fotojornalista fica claro que ele tem lado: um militante de esquerda! Até já twittou sobre mim em outros momentos... Eduardo Matysiak é um profissional nada imparcial, que age por suas ideologias e opiniões pessoais. Fico me perguntando se fosse um ônibus vermelho, com militantes da esquerda. Será que ele denunciaria da mesma forma? Seria então perseguição? (SIC)", escreveu.

A postagem fez com que uma enxurrada de bolsonaristas começasse a fazer ataques a Eduardo. O perfil do jornalista no instagram foi inundado de comentários com teor ofensivo, inclusive homofóbicos, e de ameaça.

À época, Matysiak disse à Revista Fórum que iria processar Hang, que realmente fez nas semanas seguintes. Ele contou que o empresário tentou diminuir o trabalho do jornalista dizendo que ele "queria um minuto de fama" ao fotografar o delito cometido pelo bolsonarista.

Dias depois Matysiak recebeu o apoio da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), do Sindicato dos Jornalistas do Paraná e de outras entidades de defesa da profissão.