“Drone do aborto” levará pílulas abortivas a mulheres na Polônia

O objetivo da ação é chamar a atenção para a disparidade entre as leis de aborto em países europeus como Alemanha, Holanda e França, onde o procedimento é legalizado, e Polônia, Malta e Irlanda, que restringem o acesso das mulheres ao procedimento

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O objetivo da ação é chamar a atenção para a disparidade entre as leis de aborto em países europeus como Alemanha, Holanda e França, onde o procedimento é legalizado, e Polônia, Malta e Irlanda, que restringem o acesso das mulheres ao procedimento

Do blog Transtudo

O grupo Women on Waves, que há anos batalha pelo direito ao aborto em âmbito mundial, planeja uma nova maneira de facilitar o procedimento a mulheres em países que não lhes garantem esse direito. No próximo sábado, dia 27, elas realizarão o primeiro voo do "drone do aborto", que levará pílulas abortivas para a Polônia, um dos três países europeus – junto com Malta e Irlanda – que não garante às mulheres o acesso ao procedimento legal e seguro da interrupção voluntária da gravidez.

Segundo o comunicado da Women on Waves, o drone sairá no próximo sábado, às 11 da manhã (hora local) de Frankfurt an der Oder (a cerca de 100km a leste de Berlim) e irá até Slubice, na fronteira entre Alemanha e Polônia. Como o drone pesa menos de 5 kg, não será utilizado para fins comerciais e permanecerá no campo de visão da pessoa que o controlará (o rio Odra, com cerca de 1km de extensão, faz a divisão entre as cidades), não é necessária autorização dos governos polonês ou alemão para o voo.

O objetivo do grupo é chamar a atenção para a disparidade entre as leis de aborto em países europeus como Alemanha, Holanda e França, onde o procedimento é legalizado, e Polônia, Malta e Irlanda, que restringem o acesso das mulheres ao procedimento. Em território polonês, uma mulher só pode interromper a gravidez em caso de estupro ou incesto, quando a vida da mulher estiver em rico ou há risco de morte do feto. De acordo com a organização, mesmo nesses casos, é muito difícil realizar o aborto legal. Mesmo com a proibição, a OMS estima que cerca de 240 mil abortos inseguros são realizados na Polônia a cada ano. A lei do país não prevê punição para as mulheres que realizem o procedimento ilegal.

As pílulas de mifepristona e misoprostol são utilizadas para a realização do aborto médico ou farmacológico, e estão na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde – que recomenda a legalização do aborto aos países que ainda não regulamentaram o procedimento. Um estudo da OMS concluiu que o aborto farmacológico pode ser realizado pela própria mulher, em casa, sem necessidade de supervisão médica. A Women on Waves, liderada pela médica holandesa Rebecca Gomperts, recomenda que o aborto farmacológico seja realizado até 9 semanas (63 dias) de gravidez, com a ingestão de uma pílula de 200g de mifepristona e, 24 horas depois, o uso sublingual de 4 pílulas de 800?g (microgramas) de misoprostol.