33 dias sem machismo: “Uma transformação está se iniciando”

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Projeto que, didaticamente, dá dicas de como desconstruir o machismo, já conseguiu alcançar 64 mil curtidas na internet através da mobilização, inclusive de figuras públicas Por Beatriz Sanz Rio de Janeiro, 21 de maio de 2016. Em uma comunidade afastada do centro urbano e financeiro da cidade, uma garota de 16 anos foi estuprada por 33 homens. O crime que chocou o País agiu como o vento em uma bandeira levantada há tempos, mas que ganhou visibilidade na mídia tradicional apenas no ano passado: a bandeira do feminismo. Foi justamente a partir do episódio do estupro coletivo que cinco mulheres e um homem se uniram em uma iniciativa que inibisse o machismo diário. Foi criada a página #33DiasSemMachismo. 33 dias sem machismoA página surgiu no Facebook no dia 30 de maio e lançou seu primeiro desafio no dia 1 de junho. Em menos de 15 dias de existência já acumula mais de 64 mil curtidas na rede social. O conteúdo é simples, porém eficaz: a cada dia é postada uma dica que possa diminuir o machismo tão arraigado na nossa cultura. “Existem pesquisas que indicam ser necessários 21 dias para a mudança de um hábito e em alusão aos 33 criminosos, propomos um desafio diário ao longo de 33 dias, com a intenção de engajar as pessoas na reflexão e revisão de hábitos machistas e discriminatórios, que muitas vezes acabam passando despercebidos”, afirmou Gabriele Garcia, uma das criadoras da página.   33 dias sem machismo 3O conteúdo da página já foi compartilhado por grandes personalidades da internet como o ator, humorista e roteirista Gregório Duvivier e a premiada diretora Anna Muylaert. Bares colocaram as dicas em suas mesas e o Uber também enviou os posts para seus usuários. Até mesmo a ONU Brasil compartilhou as dicas. Gabriele falou que apesar de receberem ofensas machistas na página, a resposta e o engajamento de apoiadores é muito maior. Questionada sobre casos como o do MC Biel, que assediou uma jornalista do Portal IG, ela ressalta a importância de denunciar casos assim, pois só diante da divulgação desses incidentes é possível que a sociedade se una em busca de uma solução. “Quando a sociedade civil se mobiliza para punir atos de violência e assédio como os praticados por esse jovem, fica claro que uma transformação está se iniciando no sentido de não tolerar que atitudes como essa sejam cometidas sem que se espere a punição que lhes cabe”, ressalta a militante. Gabriele ainda promete que quando os #33DiasSemMachismo acabarem, o projeto continuará de outra maneira. “Estamos pensando como o projeto pode continuar influenciando a mudança de hábitos negativos e contribuir com uma sociedade mais tolerante e inclusiva quanto à diversidade e aos direitos humanos”, conclui. 33 dias sem machismo 2Imagens: Reprodução/Facebook