A cidade que a cidade desconhece: Polo de Ecoturismo de São Paulo

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Em artigo, o secretário de Governo do Município de São Paulo, Chico Macena, aborda o potencial turístico e as  belezas naturais da região que abrange os distritos de Grajaú, Parelheiros e Marsilac. O Polo de Ecoturismo foi criado no ano passado pela prefeitura e é composto por quatro circuitos: religioso, náutico, histórico-cultural e da Mata Atlântica Por Chico Macena* Certo dia, em visita à região de Parelheiros, vistoriando algumas obras, paro em um bar para tomar água e o que me chama a atenção é um cartaz com as seguintes informações: “Excursão para pesqueiro em Itu, valor R$ 480,00 no próximo sábado, podendo pagar em duas vezes”. Cartazes e anúncios como este são comuns em várias cidades, mas em se tratando da região de Parelheiros, a primeira coisa que me veio à cabeça foi perguntar se o pessoal conhecia os pesqueiros, cachoeiras e rios da região. Esperava uma resposta afirmativa da senhora que atendia do outro lado do balcão. Mas, para minha surpresa, ela perguntou: “aonde?”. E eu respondi: “500 metros daqui, por exemplo, tem um pesqueiro”. Com o objetivo de as pessoas descobrirem esse um terço do município, com um grande potencial turístico, de desenvolvimento sustentável e de preservação de belezas naturais, foi criado em janeiro de 2014, pela Prefeitura, o Polo de Ecoturismo de São Paulo. O Polo tem também por finalidade preservar as riquezas naturais e desenvolver o turismo em uma região que abrange os distritos de Grajaú, Parelheiros e Marsilac. O Polo de Ecoturismo é composto por quatro circuitos: religioso, náutico, histórico-cultural e da Mata Atlântica. O religioso começa na Igreja Messiânica, o Centro Paulus, passa por templos de regiões afro-brasileiras até findar em um lindo templo budista. O náutico perpassa por locais históricos, pela represa, rios, cachoeiras e permite inclusive a prática de rafting e canoagem. O histórico-cultural inclui bairros de colonização alemã, aldeias indígenas, oferta de produtos artesanais e edifícios históricos. O circuito da Mata Atlântica perpassa por cachoeiras, rios, mirantes, trilha da Serra do Mar, borboletário e outras atrações. Além disso, o Polo conta também com variedade de opções gastronômicas, turismo rural, agricultura orgânica e tantas outras atrações. Tudo isso dentro da cidade de São Paulo, no extremo sul. Os recursos estão lá, a necessidade é dar visibilidade e dotar a região de um mínimo de infraestrutura para receber os turistas e mesmo os moradores da própria região, de maneira que promova o desenvolvimento econômico e o turismo de forma sustentável. Uma das primeiras iniciativas foi colocar o Posto de Atendimento ao Turista (PAT), as placas de orientação de caminhos e trilhas, com as atrações que já existem e que tem um plano de manejo. Isso fez com que os próprios moradores ficassem surpresos com a riqueza natural que se encontrava ao lado da casa deles, tesouros escondidos por toda a região. Mas, isso não é suficiente. Juntamente com o Conselho Gestor do Polo de Ecoturismo, estamos desenvolvendo uma série de iniciativas que passam pela capacitação de mão de obra, com cursos de turismo e agricultura, programa de incentivo à manutenção dos equipamentos e da agricultura da região, capacitação e assistência técnica, fomento ao artesanato, apoio a preservação das terras indígenas e regularização fundiária. Um evento pioneiro foi o Festival de Inverno do Polo de Ecoturismo de São Paulo, realizado neste ano e que reuniu, pela primeira vez, empreendedores locais, em torno de uma pauta conjunta, onde foram criados diversos atrativos, alguns pela primeira vez abertos ao público, como cavalgadas, caminhadas no rio, canoagem, escunas, encontro de tropeiros, saraus na floresta, passeios de gaiolas e jeeps, trenzinho indígena, luau com moda de viola, trilhas de cachoeiras, rapel, tirolesas e muita comida regional, o que levou para a região cerca de 22 mil pessoas. Agora, o que queremos é um plano estratégico para que, de fato, possamos desenvolver o turismo naquela região. Estamos requalificando as estradas, mantendo o caráter ambiental e de preservação dos parques. Começamos a desenvolver os planos de manejo para abri-los para a população. Vamos criar cerca de 120 km de ciclorrotas, costurando todos os roteiros turísticos. Foi feito o mapeamento das hospedagens existentes, além da criação de um portal que reúne todas as informações do Polo. A Prefeitura de São Paulo também está para lançar um plano de incentivos para os empreendedores locais e para aqueles que almejam se instalar na região e ajudar a desenvolver o Polo, criando alternativas de lazer e serviços. O potencial é grande, a região é linda, e queremos que a cidade, que já é um dos principais destinos turísticos do Brasil, possa descobrir esse tesouro, inclusive aqueles que aqui moram e muitas vezes vão para regiões distantes para desfrutar um pouco da natureza. Posso afirmar que não conheço nenhuma região que tenha tanta diversidade, alternativas e riquezas naturais reunidas num mesmo território. Reocupar os espaços públicos não significa apenas desfrutar da região central da cidade. É também redescobrir uma cidade escondida, uma floresta dentro de São Paulo e aproveitar momentos de lazer e meditação, isso vai nos mostrar uma cidade mais moderna e mais humana. * Chico Macena é administrador e secretário de Governo do Município de São Paulo Foto de capa: José Cordeiro/ SPTuris