Adversário do PT em Vitória invadiu hospital com pacientes com Covid

Embora negue relação com Bolsonaro, Delegado Pazolini liderou ação similar à que tinha sido pedida pelo presidente

Delegado Pazolini (Foto Tati Beling/Ales)
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O adversário do petista João Coser no segundo turno de Vitória (ES) é um deputado estadual que invadiu um hospital sob alegação de ver o tratamento dispensado a pacientes com Covid. Ele diz que foi uma visita técnica, mas o próprio governo do estado tachou a iniciativa como invasão em queixa-crime devido à ação.

Isso aconteceu na mesma época em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia orientado seus seguidores a desmascararem o que chamou de “farsa da Covid”, entrando em pontos de atendimento de saúde para ver se havia de fato pacientes.

Além disso, Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi citado em publicação no Facebook da ministra da Mulher, Damares Alves, sobre o caso da menina capixaba de 10 anos que era estuprada pelo tio desde os 6 anos e ficou grávida em decorrência dos abusos.

A menina interrompeu a gestação, mas Damares queria evitar o aborto e, segundo reportagem da Folha de São Paulo, enviou equipe do ministério pata tentar dissuadir a família da menina. A ministra postou foto em seu Facebook dizendo que Pazolini estava em São Mateus (ES), cidade da menina, com seus assessores.

Apesar desses aparentes pontos de contato com o governo federal, o candidato nega que seja bolsonarista e se declara “independente”. Sua assessoria entrou em contato com a Fórum para afirmar essa posição. Mas outros veículos de comunicação, como a revista Veja, já o tacharam desta forma ao fazer seu perfil.

A matéria está aberta para nota de esclarecimento do candidato, que ainda não a enviou.

E Pazolini já conhecia Damares antes mesmo de ela se tornar ministra. Os dois participaram, em 2018, em evento em Cachoeiro que visava orientar a população sobre como evitar abusos a crianças.

Hospital

Em junho deste ano, no auge da pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro conclamou seus apoiadores a entrarem em hospitais e “provar a farsa da Covid-19”. No pico das infecções no país, o presidente negava a gravidade e a expansão da doença. Ele chegou a pedir que seus seguidores dessem “um jeito de filmar, fotografar lá”.

Na mesma época, Pazolini e mais cinco deputados estaduais foram fazer o que classificaram como visita técnica ao hospital Dório Silva, em Serra (ES). O grupo disse ter autorização do Conselho Regional de Medicina, estar paramentado com EPIs (equipamentos de proteção individual) e querer fiscalizar o atendimento de pacientes com Covid. Em entrevista ao Jornal da TV Vitória e ao Jornal Online Folha Vitória, o agora candidato disse que estava cumprindo suas funções ao fiscalizar as ações do Executivo.

No entanto, o governo do Espírito Santo não considerou assim, e entrou com queixa-crime contra os parlamentares sob acusação de invasão. A Secretaria estadual da Saúde declarou, na época, que não era permitida a entrada de estranhos em unidades de saúde onde houvesse infectados pela Covid no auge da pandemia.

Menina capixaba

No caso da garota que interrompeu a gestação provocada por estupro, Delegado Pazolini, nome que adota na campanha, acompanhou assessores de Damares a São Mateus (ES), cidade natal da menina. A própria ministra publicou no Facebook que sua equipe estava acompanhando o caso e que o candidato estava com eles.

O intuito dos subordinados de Damares seria, de acordo com reportagem do jornal Folha de São Paulo, dissuadir a família da menina de 10 anos que havia engravidado após estupro de levá-la a um aborto.

Pazolini publicou em suas redes sociais fotos dos encontros que teve com o Conselho Tutelar de São Mateus para tratar do caso. Sua assessoria diz que ele estava lá como presidente da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

  • Matéria atualizada após contato da assessoria do candidato