Anistia Internacional lança manifesto pelo fim da violência contra juventude negra

Lançada há poucos dias, a campanha já reúne mais de 16 mil assinaturas de apoio; a intenção dos organizadores é encaminhar as reivindicações à presidenta Dilma Rousseff e aos 27 governadores para que se comprometam com a causa.

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Lançada há poucos dias, a campanha já reúne mais de 16 mil assinaturas de apoio; a intenção dos organizadores é encaminhar as reivindicações à presidenta Dilma Rousseff e aos 27 governadores para que se comprometam com a causa Por Redação A campanha Jovem Negro Vivo, idealizada pela Anistia Internacional Brasil, já reúne mais de 16 mil assinaturas pelo fim da violência contra os jovens negros. A intenção dos organizadores é encaminhar as reivindicações à presidenta Dilma Rousseff e aos 27 governadores para que sejam tomadas medidas que assegurem um desenvolvimento saudável e pacífico à juventude negra. "Temos dois objetivos. O principal é desnaturalizar esse alto índice de homicídios e dos jovens negros em particular; o outro é romper a indiferença das pessoas em relação a isso", explica o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional, Alexandre Ciconello. De acordo com o Mapa da Violência, realizado com base em dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, morreram 80% mais jovens negros do que brancos em 2002. E, em 2012, a diferença mais que dobrou: 169%. A taxa de jovens brancos vítimas de homicídio foi de 30,1 para cada 100 mil jovens brancos. Já a de negros foi de 80,7 por 100 mil. “As consequências do preconceito e dos estereótipos negativos associados a estes jovens e aos territórios das favelas e das periferias devem ser amplamente debatidas e repudiadas”, afirma o manifesto. Segundo Ciconello, entre os vários fatores que contribuem para esses índices elevados estão a criminalização da pobreza, com territórios em cidades sendo criminalizados em função da guerra às drogas. "Nesses territórios há uma certa naturalização dos homicídios, muitas pessoas naturalizam o fato do parente ou do vizinho ser assassinado. E há uma parte da sociedade, que não vive nesses territórios, que não se importa com o que acontece ali", argumenta. "Mais um fator é a existência de uma sociabilidade violenta, mata-se por muito pouco no país, a violência é vista como a solução de muitos conflitos." O assessor da entidade também atenta para a necessidade de se aprimorar os mecanismos investigativos e efetivar punições ao abuso policial.  “Há questões relacionadas à própria política de segurança pública, a investigação de homicídios tem uma eficiência baixa, somente 8% dos casos são levados à Justiça, e a impunidade alimenta um ciclo de violência que gera mais homicídios. Melhorar a investigação é importante, assim como o controle da polícia, que mata muito no país. Não existem mecanismos efetivos de controle da atividade policial nem mecanismos de responsabilização quando são cometidas execuções sumárias”, afirma. Para assinar o documento, clique aqui. Foto de capa: Marcelo Camargo / ABr