Anvisa: não importa país de origem da vacina, mas sua qualidade

Presidente da agência também afirmou que não há prazo para aprovar nenhuma dose contra a Covid-19 e que não há ainda pedido de registro no órgão

Doria cumprimenta Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, na saída do encontro na agência (Foto Governo do Estado de São Paulo)
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O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse nesta quarta-feira (21) que, para uma vacina contra a Covid-19 ser aprovada pelo órgão, não vai importar o local de origem do produto, mas sim sua qualidade.

Ao ser questionado se uma vacina de origem chinesa, como a CoronaVac, teria mais dificuldade de ser aprovada pela agência, Barra afirmou: “Para nós pouco importa de onde é a vacina, nossa atribuição é aferir se os produtos têm qualidade, segurança e eficácia”.

Qualquer vacina, para ser aplicada no país, precisa de aprovação do órgão.

Barra disse também que não há ainda nenhuma vacina contra o coronavírus com pedido de registro na agência. Mas, quando chegar esse pedido, o diretor-presidente afirmou que não há um prazo para que ele seja concedido. “Lançaremos mão do menor e do melhor tempo”, afirmou. “Não há nenhuma data predefinida para a conclusão de estudos ou fornecimento de registro a qualquer uma das quatro vacinas em análise neste momento na agência”, destacou.

A fala de Barra Torres sobre a origem da vacina vai de encontro à declaração de Jair Bolsonaro (sem partido), na manhã desta quarta-feira (21), que atacou em redes sociais “a vacina chinesa de João Doria”, dizendo que sua decisão era não comprá-la.

Doria na Anvisa

As declarações do diretor-presidente da Anvisa foram dadas após reunião da diretoria da agência e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Antagonista de Bolsonaro na condução da pandemia, o tucano chancela a CoronaVac, vacina contra coronavírus que está sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.

No Brasil, ela deve ser produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista. O instituto, inclusive, conduz testes em voluntários no Brasil.

Doria também falou na saída do encontro, dizendo que tinha sido uma reunião boa e que reforçava sua confiança na Anvisa. Mas nenhum protocolo foi assinado na ocasião.

Aliás, Barra Torres disse que foi uma visita “de cortesia”.

Guerra das vacinas

O caso das vacinas contra a Covid-19 virou uma guerra política entre Bolsonaro e Doria. Como o tucano desde o início referenda a vacina da Sinovac, Bolsonaro e seus seguidores têm atacado o produto. Eles se referem a ela como “vacina chinesa”, assim como chamam o novo coronavírus de “vírus chinês”, tentando atribuir a “culpa” pela pandemia ao país comunista.

Por isso, Bolsonaro tem feito elogios à vacina desenvolvida em parceria entre a universidade Oxford e o laboratório AstraZeneca. No Brasil, essa dose deverá ser produzida pela Fiocruz. É a vacina preferida do presidente.

E nesta quarta-feira foi anunciado que um voluntário brasileiro dos testes dessa vacina morreu na semana passada.