Bolsonarista está menos preocupado com Covid-19 e desconhece mais a doença, revela estudo

Pesquisa de UFPR, UnB e UFG mostra que apoiadores do presidente também estão menos propensos a se vacinar contra o novo coronavírus

Bolsonaro provoca aglomeração, sem usar máscara na Bahia (Foto: Alan Santos/PR)
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Quanto maior a aprovação que uma pessoa dá ao governo Jair Bolsonaro (sem partido), menor é seu grau de conhecimento e de preocupação com a pandemia do novo coronavírus.

O que já se sentia de maneira empírica ficou provado em um estudo conduzido pelas universidades Federal do Paraná (UFPR), de Brasília (UnB) e Federal de Goiás (UFG), além da Western University.

Os resultados mostram que 21% dos mais satisfeitos com o governo federal disseram estar muito preocupados com a Covid-19. Entre os insatisfeitos, o índice dos que estão muito preocupados é de 44,8%, ou seja, mais que o dobro.

A diferença também é relevante entre os que dizem não estar nem um pouco preocupados com a pandemia. Eles são 1,4% entre os que reprovam o governo Bolsonaro e 8,7% dos apoiadores fiéis do capitão reformado.

Os pesquisadores também mediram o grau de conhecimento dos entrevistados sobre a doença. Eles tiveram que responder a perguntas sobre a Covid-19, sua transmissão, sintomas e cuidados indicados pelas autoridades sanitárias.

Entre os bolsonaristas, que avaliam o governo do atual titular do Planalto como ótimo ou bom, o nível de acerto foi de 69%. Já para os que consideram a gestão federal “ruim” ou “péssima”, a média de conhecimento sobre a doença foi de 79,3%.

Para o professor da Faculdade de Comunicação da UnB Wladimir Gramacho, um dos responsáveis pela pesquisa, os brasileiros que aprovam o desempenho do governo são menos informados [sobre a Covid-19] que os que reprovam a atual gestão. “Esse resultado parece concordar claramente com o conteúdo da narrativa do presidente, que tem negado a gravidade da pandemia”, relata.

Nesta sexta-feira (30), Bolsonaro declarou que a pandemia está acabando e até ironizou o que chamou de “pressa” do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para comprar vacinas.

Intenção de vacinar

Aliás, seguindo a lógica de seu “mito”, os bolsonaristas também estão menos propensos a se vacinar do que os opositores do atual governo federal.

A pesquisa mostrou que, entre os críticos do governo Jair Bolsonaro, 79,2% disseram ter muita chance de se vacinar. Por outro lado, o percentual é de 54,5% entre aqueles que apoiam a gestão do titular do Planalto.

Para o estudo, foram entrevistadas 2.771 pessoas, entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro. Uma segunda etapa da pesquisa acontecerá após as eleições municipais. O objetivo é avaliar se as campanhas eleitorais irão afetar o nível de preocupação e informação das pessoas em relação à pandemia.