Jair Bolsonaro repetiu o filho, Eduardo Bolsonaro, na manhã desta terça-feira (31) na porta do Palácio da Alvorada e fez uma interpretação distorcida do pronunciamento do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que em entrevista coletiva nesta segunda-feira (30), afirmou que o isolamento social "é a única opção que temos para derrotar esse vírus".
Assim como o filho, que o acompanhava, Bolsonaro disse que o "presidente" da OMS teria afirmado que "a fome mata mais do que o vírus", ao responder a jornalistas sobre a declaração do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, teria reprovado o passeio do presidente pelo Distrito Federal no último domingo (29).
"Eu não sei o que ele [Mandetta} falou. Eu tenho que ver, porque acreditar que está escrito, não, né? Não se esqueça que eu sou o presidente. Vamos seguir orientação da OMS. A OMS falou o quê? O que o diretor-presidente falou? Que esse povo humilde fica o dia todo na rua pra levar um prato de comida à noite em casa. E ele falou isso, que ele era africano, sabe o que é passar dificuldade. A fome mata mais que o vírus, tá certo?", afirmou.
Etíope, Tedros Adhanom, no entanto, afirmou que: "É vital respeitar a dignidade do próximo. É vital que os governos se mantenham informados e apoiem o isolamento. Os governos precisam garantir o bem-estar das pessoas que perderam sua renda".
Bolsonaristas
Após a declaração, Bolsonaro incitou youtubers e blogueiros apoiadores seus contra a imprensa. Um rapaz não identifica, que disse ter um canal no Youtube, atacou os jornalistas, dizendo que a imprensa "fica jogando os ministros contra o presidente".
"Fala ai, fala ai. Agora é ele que vai falar, não vocês", disse Bolsonaro. "É o tempo todo jogando os ministros contra o presidente. Só ontem, ontem eu fiz um vídeo no meu canal mostrando isso, a canalhice de vocês, jogando o Mandetta contra", disse o rapaz.
Parte dos jornalistas, então, viraram as costas e deixaram a entrevista. Bolsonaro então incitou os apoiadores. "Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo", disse Bolsonaro, atiçando os apoiadores.
Witzel e Doria
Bolsonaro ainda voltou a atacar os governadores Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, e João Doria (PSDB), de São Paulo. Ao comentar uma fala de um apoiador, de que Witzel teria ameaçado a população de prisão caso saiam às ruas, o presidente foi irônico.
"Oxe... Virou ditadura", disse Bolsonaro aos risos. "Porque o governador colocou grade em volta da casa dele?", indagou o presidente aos apoiadores, fazendo menção à Dória, que reforçou a segurança após receber ameaças de morte. "Será que é para cercar o vírus?", disse Bolsonaro.