Bolsonaro repete ataque a Eduardo Leite que o levou a ser alvo do STF: "Pode ter enfiado o dinheiro em outro lugar"

A 4 dias do fim do prazo dado por Gilmar Mendes para que Bolsonaro explique ataques ao governador do RS, presidente voltou a fazer insinuações sobre desvio de dinheiro para o combate à pandemia

Bolsonaro e Eduardo Leite (Reprodução)
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Em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, na tarde desta quinta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro voltou a desferir ataques contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), inclusive com tom homofóbico.

A fala se deu dentro de sua narrativa de que os a CPI do Genocídio deve ouvir governadores pelo fato dos mandatários estaduais, segundo Bolsonaro, terem desviado verbas de combate à pandemia - uma narrativa usada pelo presidente para minimizar as apurações da comissão que têm mostrado sua responsabilidade no agravamento da crise sanitária no país.

Ao falar para apoiadores sobre uma virtual convocação de Leite para depor à CPI, Bolsonaro disparou: "O que eu sei é que o MP (Ministério Público) pediu o destino do dinheiro, mas tem governador que não encaminhou ainda. Não vou falar que ele fez mau uso do dinheiro, pode ter enfiado em outro lugar, pode ser legal, mas o dinheiro era para a saúde".

A fala de Bolsonaro é praticamente igual a uma outra que proferiu em abril sobre o governador gaúcho: "onde ele enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele né… Mas eu acho que é feio onde ele botou essa grana toda aí", disse em entrevista na ocasião. Essa declaração levou Bolsonaro a se tornar alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de uma ação por calúnia e difamação impetrada pelo governador tucano.

Nesta quarta-feira (2), o ministro Gilmar Mendes, que recebeu a ação, deu prazo de 5 dias para que Jair Bolsonaro explique as falas contra Leite.

"Não fosse isso, as ambiguidades e dubiedades dos termos utilizados podem, a depender da manifestação a ser prestada pelo Sr. Presidente da República, caracterizar, outrossim, o crime de difamação, por narrar fato relacionado à possível destinação do recurso, a justificar a necessidade de explicações, mormente diante da enorme repercussão nas mais diferentes mídias", disse, no processo, Caetano Cuervo Lo Pumo, advogado do governador do RS.