Catar proíbe brinquedos com as cores do arco-íris: "anti-islâmico"

O país que vai sediar a próxima Copa do Mundo já foi criticado por organizações por criminalizar as LGBT

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O brinquedo pop it, que se tornou febre na pandemia entre as crianças, foi proibido pelo Catar. Motivo: as cores do brinquedo são similares a do arco-íris, símbolo do movimento LGBT e, portanto, anti-islâmico.

Dessa maneira, o governo recolheu todos os brinquedos que foram classificados como "contrários aos valores islâmicos".

Além disso, foi publicado um documento com as imagens dos brinquedos que estão proibidos. Para o regime, todos eles fazem referência "à bandeira da diversidade sexual".

"Campanhas de inspeção em lojas de diferentes regiões do Catar levaram à apreensão de brinquedos infantis contrários aos valores islâmicos", anunciou o Ministério do Comércio e da Indústria.

"O Ministério pede a todos os cidadãos e moradores que revelem qualquer mercadoria com logos ou desenhos contrários às tradições", reforçou o governo.

Qatar, Copa do Mundo e Diversidade

Desde que o Qatar foi anunciado como o país sede da Copa do Mundo de 2022 uma série de polêmicas surgiram por conta de o regime não permitir as relações entre pessoas do mesmo sexo.

Porém, o regime tem garantido que todas as pessoas serão recebidas sem discriminação durante a Copa. Todavia, inúmeras organizações têm aproveitado a ocasião para denunciar que no Qatar a homossexualidade é considerada um crime.

A Fifa já alertou que todos os eventos organizados pela entidade devem ser inclusivos.

"As pessoas devem ter liberdade para exibir todo tipo de bandeira que desejarem sem discriminação, e isso inclui a bandeira do arco-íris", declarou Fatma Samoura, secretária-geral da Fifa.

Brinquedo viado? Pop-it, que se tornou febre na pandemia, vira alvo de fundamentalistas

Seja no comércio de rua, digital ou em lojas do metrô e trem, é possível ver alguns objetos de silicone com as cores do arco-íris, trata-se do pop-it, classificado como “fidget toy” ou brinquedo para inquietação, que se tornou uma febre entre as crianças durante a pandemia.

Porém, o que deveria ser tratado como um brinquedo, que funciona como uma espécie de plástico-bolha sem fim, se tornou o mais novo alvo de grupos fundamentalistas. O motivo? As cores que remetem ao arco-íris, símbolo do movimento LGBT. Para alguns grupos religiosos, trata-se de mais uma articulação para a “destruição da família”.

Reportagem do jornal Extra conversou alguns pais que resolveram retirar o brinquedo de cenário ou comprar algum em versão neutra por conta das cores.

Uma das personagens da matéria é a criança Manoela, que havia ganhado o pop-it de seu pai, porém, em um dia ela telefonou para o pai e afirmou que o brinquedo “era coisa do diabo”.

A celeuma em torno do brinquedo teve início com um pastor que postou um vídeo no Youtube onde relacionou as cores do brinquedo ao movimento LGBT e que se tratava de mais uma tentativa de “destruir a família”.

A partir daí, os seguidores replicaram a fala do pastor e a ideia de se tratar de “um brinquedo gay”.

Porém, a história do Pop-it não tem nada a ver com teorias fundamentalistas de destruição da família.