CEO da Adidas, que já apoiou Hitler, participou do almoço de Bolsonaro com empresárias

Marca passou décadas tentando limpar histórico de aliança com o regime genocida alemão. Fundadores da empresa, os irmãos Adolf e Rudolf Dassler, foram filiados ao partido nazista

Foto: Flavia Bittencourt, CEO da Adidas Brasil (Adidas/Reprodução)
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Uma das participantes do almoço de Jair Bolsonaro com 40 executivas de grandes empresas, realizado ontem (30), em São Paulo, chamou a atenção pelo histórico da companhia por ela representada.

Flavia Bittencourt, CEO da Adidas Brasil, foi ao convescote convocado pelo presidente em nome da multinacional alemã do ramo de materiais esportivos que durante décadas não mediu esforços para apagar uma mancha sinistra de sua trajetória: o fato de ter sido fundada por dois irmãos filiados ao partido nazista e entusiastas de Adolf Hitler.

Aparentemente sem se preocupar com a repercussão que sua presença no almoço poderia gerar, Flavia Bittencourt não só compareceu ao encontro com o homem que é o chefe de Estado mais rechaçado pela comunidade internacional no mundo hoje, por seu perfil extremista e ações negacionistas que provocaram centenas de milhares de mortes na pandemia da Covid-19, como foi fotografada sem máscara, ao lado de outras executivas.

Flavia Bittencourt, CEO da Adidas Brasil (à esquerda) e Rachel Maia, conselheira administrativa do Grupo Soma & CVC, no almoço organizado por Jair Bolsonaro.

Os encontros costumeiramente organizados pelo Palácio do Planalto vêm sendo evitados por grande parte dos executivos brasileiros, que receiam associar seus produtos e marcas à imagem de um líder acusado de genocídio na gestão da crise sanitária no país e de ser um defensor de violações aos direitos humanos.

A reportagem da Fórum entrou em contato com Adidas Brasil questionando os motivos que levaram Flavia Bittencourt a aceitar, nas circunstâncias atuais, o convite para o almoço com o presidente da República, e recebeu a seguinte resposta:

A adidas esclarece que a participação de Flávia Bittencourt no almoço que contou com a presença de membros do Governo Federal teve como objetivo participar de discussões relevantes para a sociedade. Na pauta, dentre os principais assuntos propostos figuraram a equidade de gênero e a maior participação das mulheres nos setores públicos e privados, temas que há muito fazem parte das causas defendidas pela executiva.

Reforçamos ainda que a presença da executiva no evento não representa qualquer posicionamento político da companhia, que possui uma visão apartidária em todos os países em que atua.

História da Adidas

Criada no início da década de 1920 pelos irmãos Adolf e Rudolf Dassler, em Herzogenaurach, na Alemanha, a empresa tornou-se uma gigante do setor de materiais esportivos, mas durante décadas teve que lidar com o passado sombrio de seus fundadores, que foram filiados ao Partido Nacional Socialista da Alemanha, conhecido na História pelo acrônimo "Nazista".

Embora haja relatos de que Adolf Dassler tenha mais tarde, ainda durante a 2ª Guerra Mundial, passado a ser crítico de seu xará Hitler, a historiografia mostra que Rudolf, um fanático admirador do líder nazista, permaneceu fiel ao Reich.

Mesmo tendo a Adidas patrocinado o atleta negro norte-americano Jesse Owens, vencedor de quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, num episódio que entrou para a História como uma humilhação de Adolf Hitler e de sua teoria da supremacia racial dos arianos, a empresa seguiu sendo lembrada por muito tempo como uma marca bem relacionada com um dos maiores genocidas que a humanidade já conheceu.

Por conta disso, foram necessários muitos anos de esforços e ações de marketing para desvincular a Adidas de seu passado ligado ao regime nazista e suas barbaridades.

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